Eleições 2022

Impasse sobre candidatura de Molon ao Senado divide movimentos de artistas e intelectuais

Pressão sobre projeto do pessebista de disputar vaga de senador aumentou após cobranças públicas de Freixo sobre acordo entre PT e PSB

Alessandro Molon - Sérgio Francês/Lid. PSB na Câmara

Um dos trunfos do deputado Alessandro Molon (PSB) para se colocar como o candidato de esquerda mais competitivo na disputa pelo Senado no Rio de Janeiro, o manifesto de apoio ao seu nome assinado por artistas como Fernanda Montenegro e Caetano Veloso ganhou um contraponto nesta segunda-feira (4). Em uma carta aberta, intelectuais como Luiz Eduardo Soares e Heloísa Buarque de Hollanda pedem que ele desista da candidatura à vaga de senador. O documento diz que a decisão de Molon será ainda mais indispensável ante as "ameaças do bolsonarismo ao que resta da democracia''.

O pessebista protagoniza uma disputa com André Ceciliano (PT) para definir quem irá compor a chapa e o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro. Segundo um acordo nacional entre PSB e PT, como a vaga na disputa ao governo do estado já é de Marcelo Freixo (PSB), caberia ao PT indicar um nome do partido ao Senado.

Os intelectuais e militantes autores do novo apelo pela frente ampla em torno de Freixo ressaltam que ele é um candidato da esquerda “efetivamente competitivo” pela primeira vez em décadas. Na última pesquisa Datafolha o parlamentar aparece num empate técnico com o atual governador Cláudio Castro (PL). Para esse grupo, nada justifica colocar em risco “a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador".

"Ocorre que, se o candidato ao governo é do PSB, ao outro partido deveria caber a indicação do candidato ao Senado. Portanto, a postulação de sua candidatura ao Senado, embora legal e legítima, e fundamentada em seus méritos indiscutíveis, coloca em risco a coalizão suprapartidária, o mais poderoso instrumento político que se logrou formar, em décadas", diz o texto.

Molon vem sendo alvo de fogo amigo no seu próprio partido. Na semana passada, Freixo elevou a pressão sobre o correligionário cobrando publicamente que ele cumpra o acordo feito entre PSB e PT e retire a pré-candidatura ao Senado. Sua expectativa é que a direção nacional do partido intervenha se Molon decidir não seguir o trato.

Nesta segunda-feira, o ex-governador do Maranhão e pré-candidato ao Senado Flávio Dino (PSB) também sinalizou apoio a Freixo, defendendo que a sua candidatura deve ser tratada de forma prioritária.

'Constrangida' com Freixo

“A eleição de Marcelo Freixo a governador do Rio deve ser uma prioridade máxima do campo democrático e progressista, a fim de derrotar a besta e seus asseclas. Torço para que todos os acordos sejam viabilizados em nome do objetivo maior”, publicou Dino.

Por outro lado, defensores de Molon ainda não jogaram a toalha e defendem que ele deve ser o candidato na chapa de Lula e Freixo por ser o candidato da esquerda mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto para o Senado. A produtora cultural Paula Lavigne, que articula o manifesto de artistas em prol de Molon, se mostrou decepcionada com a postura de Freixo diante das negociações com o PT.

"Estou constrangida com o papel que Freixo está fazendo. Por que ele não deixa essa pressão sobre candidatura do Molon para o PT fazer, já que eles têm o maior interesse nisso? O Molon recebeu ele de braços abertos no partido e ele age assim?" questionou Lavigne.

Já a deputada Talíria Petrone (PSOL) publicou em seu Twitter uma mensagem defendendo o apoio ao deputado do PSB. Ela destacou que ele é o nome com mais chances de vencer o senador Romário (PL), favorito na disputa pela vaga no Rio.

“Romário nos assuntos do momento só nos lembra que esse ano o Rio de Janeiro tem a tarefa de varrer essa cria do bolsonarismo do Senado. E vamos de Alessandro Molon para derrotá-lo!”, escreveu Petrone.