Primos de Jorge Lafond já haviam obtido direito de receber seguro de vida do ator em 2014
Familiares ganharam ação contra união estável do criador de Vera Verão e seu empresário, que deixou de ser reconhecida pela Justiça por falta de provas
Os três primos de Jorge Lafond (1952-2003), que conseguiram reverter uma decisão de 2021 que reconhecia união estável entre o humorista e seu empresário, Marcelo Pádua, já haviam sidos reconhecidos como seus herdeiros legítimos em outro processo, de julho de 2014. Na época, eles obtiveram o direito de receber um seguro de vida no valor de R$ 396 mil, feito pelo criador da icônica personagem Vera Verão
Na época, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) deu ganho de causa à família contra o Itaú Seguros, que alegava que o humorista já teria conhecimento de ser soropositivo antes de contratar o serviço. Lafond, que era hipertenso e portador do vírus HIV, morreu por infarto agudo do miocárdio aos 50 anos, em 11 de janeiro de 2003, após passar 14 dias internado no Hospital Cepaco, Zona Sul de São Paulo.
Nesta segunda (4), de acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a família voltou a obter o direito à herança de Lafond, que incluiria três seguros de vida somando cerca de R$ 800 mil e uma casa em Mairiporã (SP), comprada pelo humorista da atriz Cassia Kiss. A família foi representada pelo advogado Adilson Carvalho de Almeida, que também defendeu os primos do humorista na ação de 2014.
Entenda o caso
Em novembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a união estável entre Lafond e Marcelo Pádua, seu empresário (que morreu em 2020 e passou a ser representado no processo por sua mãe). Agora, os desembargadores do TJSP avaliaram que não havia provas de que os dois residiram no mesmo endereço. Embora houvesse o entendimento de que os dois tinham um caso, para os juízes isso não seria suficiente para configurar uma união estável.
Os três primos do humorista, incluindo uma prima que teria sido criada pelo próprio, seriam seus únicos familiares conhecidos, e foram os autores da ação contra a união estável. Entre as evidências apontadas na sentença, está uma ação movida por Pádua contra o INSS a fim de requerer uma pensão pela morte de Lafond, que não foi concedida por falta de provas da união.
Natural de Nilópolis (RJ), o ator e bailarino de 1,98 m Jorge Luiz de Souza Lima adotou o nome artístico de Jorge Lafond após formar-se em teatro pela Uni-Rio. Também com formação em balé clássico e dança africana, ele integrou por 10 anos a companhia de dança de Haroldo Costa. No programa "Viva o gordo", de Jô Soares, revelou ao público sua veia cômica.
Na década de 1990, passou a integrar o elenco de "Os Trapalhões", no quadro do quartel, interpretando o soldado Divino. No humorístico "A praça é nossa", onde permaneceu por 10 anos, criou seu personagem de maior sucesso, Vera Verão. É considerado até hoje um ícone da cultura LGBTQIA+ por seus personagens na TV e no cinema, além de seu posicionamento pessoal. Sua trajetória será tema do musical "Jorge para sempre Verão", com texto de Aline Mohamed e Diego Mesquita e direção de Rodrigo França, que está em fase de testes.