FOME

ONU: escalada dos preços empurrou 70 milhões de pessoas à pobreza em três meses

A afirmação está em um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicado nesta quinta-feira (7)

Protesto no Quênia contra os altos preços de alimentos - Tony Karumba/AFP

A disparada dos preços dos alimentos e da energia em todo planeta empurrou 71 milhões de pessoas de países de baixa renda à pobreza desde março, afirma um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicado nesta quinta-feira.

O PNUD aponta no documento que a aceleração da pobreza "é consideravelmente mais rápida que o choque da pandemia de covid-19" e atribui parte do aumento dos preços à guerra na Ucrânia, algo que a Rússia nega.

"As transferências de dinheiro direcionadas para as famílias são mais equitativas e mais rentáveis que os subsídios gerais à energia". Ao mesmo tempo, o relatório considera que os países envolvidos precisarão de apoio do sistema multilateral "para chegar ao fim do mês".

"Enquanto as taxas de juros aumentam em resposta à alta da inflação, existe o risco de desencadear uma nova pobreza induzida pela recessão que exacerbará ainda mais a crise, acelerando e aprofundando a pobreza no mundo", alerta o PNUD.

O documento analisa 159 países. As nações que enfrentam a situação mais crítica estão nos Bálcãs, na região do mar Cáspio e na África Subsaariana, em particular no Sahel.
 

"Aumentos de preços sem precedentes significam que, para muitas pessoas em todo o mundo, a comida que eles podiam comprar ontem não é mais possível hoje", afirmou o diretor do PNUD, Achim Steiner.

"Esta crise do custo de vida está empurrando milhões de pessoas à pobreza e até mesmo à fome a uma velocidade vertiginosa e, com isso, a ameaça de problemas sociais cresce a cada dia", alertou.

Entre os países que enfrentam as consequências mais dramáticas de alta de preços estão Armênia, Uzbequistão, Burkina Faso, Gana, Quênia, Ruanda, Sudão, Haiti, Paquistão, Sri Lanka, Etiópia, Mali, Nigéria, Serra Leoa, Tanzânia e Iêmen.