Economia

Inflação acelera em junho e completa dez meses seguidos com dois dígitos

Indicador acelerou para 0,67% em junho, puxado por alimentos e refeições fora de casa. Em 12 meses, alta foi de 11,89%

Supermercado - Pexels

Puxada por alimentos, a inflação acelerou de 0,47% em maio para 0,67% em junho, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. A pesquisa mostra que os preços seguem pressionados ao consumidor: em 12 meses, o índice ficou em 11,89%. Há dez meses o índice permanece no patamar de dois dígitos.

Economistas projetavam alta de 0,71% no mês, segundo mediana do Valor Data.

Preços dos alimentos seguem pesando no bolso

A alta do indicador foi influenciada principalmente pelo aumento de 0,8% no grupo Alimentação e bebidas, que tem peso de 21,26% no índice geral. Os preços dos alimentos para consumo fora do domicílio subiram 1,26%, com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%).

"Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços", explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Perspectivas

Economistas vinham revisando para baixo as projeções para a inflação deste ano em função da desoneração de impostos federais sobre combustíveis e a fixação de teto de 17% para a cobrança do ICMS sobre o produto.

Só que a aprovação da PEC Eleitoral, que prevê mais R$ 200 no Auxílio Brasil a 18 milhões de famílias, ajuda a caminhoneiros e taxistas, além de vale-gás, devem anular o efeito baixista da redução sobre os preços dos combustíveis e pressionar a inflação deste e do próximo ano, segundo analistas.

Isso porque as medidas de estímulo aprovadas tendem a se tornar um gasto extra para as famílias, pressionando ainda mais os preços de produtos e serviços já inflacionados. Outro impacto da PEC se dá sob efeito indireto: com o excesso de gastos pelo governo, a percepção de risco fiscal aumenta e afasta investidores, o que faz o dólar subir. Sua valorização afeta os custos das empresas, que acaba sendo repassado para os preços internos voltados ao consumidor.

O ano de 2022 será o segundo consecutivo em que o Banco Central não conseguirá cumprir a meta de inflação. Este ano, a meta de inflação é de 3,5%, com intervalo de 1,5 ponto percentual. O BC admitiu em junho a alta probabilidade de descumprimento não só da meta, mas do teto da meta (5%).