Descontrole da inflação, alta de juros e custo da dívida sob Bolsonaro são maiores do que com Dilma
Preços já estão em dois dígitos há 10 meses seguidos. Taxa para rolar dívida sobe com maior risco fiscal do governo após PEC Eleitoral
A inflação acelerou em junho, quando subiu 0,67%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Nos últimos 12 meses, os preços acumulam alta de 11,89%. Assim, o país completa 10 meses com a inflação acima de dois dígitos.
É um descontrole da inflação maior do que o vivido no governo Dilma Rousseff, quando a economia brasileira conviveu com preços subindo mais de 10% por quatro meses seguidos, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016.
Sob o governo Bolsonaro, outros indicadores chaves de estabilidade econômica, como os juros e o custo da dívida, também estão piores do que na gestão de Dilma.
A piora no risco fiscal, com a aprovação de medidas visando as eleições - como a PEC que vai aumentar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600 apenas até o fim do ano, já aprovada pelo Senado e que deve ser votada na Câmara na semana que vem -, fizeram o custo pago pelo governo para emitir títulos da dívida pública subirem com força.
O título público prefixado de 10 anos, referência para investidores que olham o médio prazo no país, foi vendido por 13,21% no último leilão semanal do Tesouro Nacional, maior taxa desde abril de 2016. Este mesmo papel, o NTN-F 10 anos, era emitido por apenas 9,218% em janeiro de 2019, início do governo Bolsonaro.
Além do maior risco fiscal do governo brasileiro, uma reversão no cenário internacional, com um temor cada vez maior entre investidores de que os Estados Unidos e os países desenvolvidos entrem em recessão, contribuiu para o aumento do custo do endividamento do Brasil.
Os números de arrecadação e o resultado fiscal do governo Bolsonaro estão melhores, mas muito influenciados pela alta da inflação. A preocupação dos investidores, ao pedirem juros mais altos para comprar os títulos públicos brasileiros, é com a incerteza em relação aos próximos anos.
Se ficou mais caro para o governo financiar a dívida pública, também para consumidores e empresas o custo do dinheiro subiu. Com a disparada da inflação, o Banco Central subiu a taxa básica de juros sistematicamente desde março de 2021, quando a taxa estava em 2% ao ano. Desde então, a taxa básica Selic já aumentou em mais de 11 pontos percentuais, em 1 ano e 4 meses, para o atual patamar de 13,25%.
No governo Dilma, a Selic saiu de 7,25% em abril de 2013 para 14,25% em 2016 – um salto menor, de sete pontos percentuais, e num prazo mais longo, de três anos e sete meses.