Esquerda francesa critica relações privilegiadas entre Macron e Uber
Milhares de documentos da Uber vazaram para o jornal britânico The Guardian
Deputados da esquerda francesa denunciaram neste domingo(10) as relações entre a gigante mundial dos transportes Uber e o presidente francês Emmanuel Macron, enquanto ministro da Economia, após um vazamento de arquivos da empresa à imprensa.
Milhares de documentos da Uber - os "Uber fles" - vazaram para o jornal britânico The Guardian e foram transmitidos ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e seus meios colaboradores, 42 no total.
Entre eles está o jornal francês Le Monde, que se interessou pelas relações entre a empresa americana e Macron entre 2014 e 2016.
O jornal concluiu que houve um "acordo" secreto entre os dois, com reuniões no gabinete e vários contatos (reuniões, ligações e SMS) entre as equipes da Uber França, Macron e seus assessores.
A investigação aponta para práticas destinadas a ajudar a Uber a consolidar sua posição na França, como sugerir que a empresa apresentasse emendas “prontas” aos parlamentares.
A Uber França confirmou as reuniões com o atual presidente,“dentro de suas responsabilidades como ministro da Economia e Assuntos Digitais”.
O Eliseu declarou que, Macron, enquanto ministro, foi "naturalmente levado a discutir com muitas empresas sobre a profunda transformação de serviços ao longo dos anos mencionados, que precisou ser facilitada pela eliminação de barreiras administrativas e regulatórias".
Mathilde Panot, presidente do partido França Insubmissa (esquerda radical), denunciou no Twitter um "assalto ao país".
Macron foi "conselheiro e ministro de François Hollande e lobista de multinacionais americanas que tentavam desregulamentar permanentemente a lei trabalhista", acrescentou.
O líder do Partido Comunista, Fabien Roussel, mencionou "revelações esmagadoras sobre o papel ativo desempenhado por Emmanuel Macron, como ministro, na facilitação do desenvolvimento da Uber na França", "contra todas as nossas regras, todas as nossas conquistas e os direitos dos trabalhadores".