Saúde

Casos prováveis de leptospirose disparam no Recife no período de chuvas: aumento é de 560,7%

Recorte considera período de 23 de maio a 7 de julho deste ano em comparação ao mesmo do ano passado

Alagamentos em dias de chuvas podem causar leptospirose caso água esteja contaminada - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Entre os dias 23 de maio e 7 de julho deste ano, período com registro de chuvas acima da média histórica, o Recife notificou um total de 185 casos prováveis de leptospirose, doença transmitida pela urina de animais, principalmente roedores, infectados pela bactéria Leptospira.

O número é 560,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2021, quando foram notificados 28 casos. Os dados são da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau).

Em relação aos casos confirmados, quando há a comprovação laboratorial de que o paciente, de fato, tem leptospirose, o total também subiu em relação ao ano passado. Em 2022, no período citado, foram confirmadas 36 infecções, exatamente o dobro do confirmado em 2021, quando foram 18 registros

Os dados mais recentes do ano no Estado, divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), mostram duas mortes causadas por leptospirose, sendo ambas na Região Metropolitana do Recife (RMR). As vítimas fatais são dois homens.

Um deles tinha 31 anos, morava em Jaboatão dos Guararapes e morreu no último dia 19 de janeiro. O outro tinha 25 anos, residia em Olinda e foi a óbito em 12 de janeiro deste ano. 

A pasta informou, ainda, que 797 casos da doença foram notificados este ano, sendo 108 confirmados, 99 descartados e 590 em investigação. Outros seis óbitos permanecem em investigação. 

Atenção no período chuvoso
A Sesau destaca que a maior incidência de chuvas durante o inverno traz a necessidade de cuidados com doenças mais proeminentes no período, como é o caso da leptospirose, infecção aguda transmitida através da exposição direta ou indireta à urina de animais, especialmente os ratos, infectados pela bactéria Leptospira

A doença se manifesta por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados, ou pela pele, que pode ter penetração mais fácil caso haja a presença de ferimentos de menor ou maior grau na região.

"Se for necessário circular por áreas que foram atingidas pelas chuvas, deve ser evitado o contato com a água suja, seja usando botas de borracha ou até mesmo improvisando, cobrindo os pés e as pernas com sacos plásticos. Além disso, é preciso evitar levar a mão molhada à boca ou aos olhos, evitando que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas", explica a chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Crônicas Transmissíveis da Sesau, Adriana Luna. 

Quais são os sintomas?
A leptospirose pode ser assintomática, mas, quando aparecem, os sintomas geralmente passam pela febre, náuseas, e dores de cabeça e no corpo principalmente nas panturrilhas. Pode haver, também, calafrios, dor de garganta e fotofobia, que é a sensibilidade à luz. 

Caso apresente algum dos sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde. Se tiver tido contato recente com lama ou água de enchentes, também é preciso informar ao médico.

Como prevenir?
De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife, cuidados simples podem evitar a infecção, como lavar bem os alimentos, especialmente as frutas e verduras que serão consumidas cruas, mantê-los guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores e conservar as caixas d'água sempre tampadas. 

Além disso, as sobras de comida ou ração de animais domésticos devem ser retiradas antes do anoitecer e as vasilhas mantidas limpas.

Frestas e aberturas em portas e paredes devem ser vedadas. Também é primordial lavar a garrafa ou lata de água, refrigerante e outras bebidas, antes de ingerir e evitar tocar com a boca diretamente no recipiente. A água que for beber, caso já não seja tratada, deve ser fervida por um período de 15 minutos.