RIO DE JANEIRO

"Só lembro da voz dele. Ele falava baixinho no meu ouvido", disse mulher estuprada por médico

Marido da vítima foi expulso da sala de cirurgia pelo anestesista Giovanni Quintella Bezerra

Médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, preso suspeito de abusar de uma paciente. - Reprodução

Cerca de dez mulheres foram até a Delegacia de Atendimento (Deam) de São João de Meriti, na manhã desta terça-feira, para registrar boletins de ocorrência contra o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, preso suspeito de abusar de uma paciente. Entre as vítimas estão três mulheres com bebês de colo.

Uma delas é a técnica em radiologia Naiane Guedes de Oliveira, 30, que há um mês disse ter passado por uma cirurgia no Hospital da Mãe, em Mesquita, também na Baixada. Na segunda-feira (11), a Secretaria estadual de Saúde (SES) disse que o anestesista também trabalhou no local.

— Eu tive meu filho no dia 5 de junho. O que me chamou a atenção foi a anestesia geral. Eu já tive outros três filhos de cesária e nunca havia tomado anestesia geral. Eu fiquei totalmente dopada e isso me chamou a atenção. Era o Giovanni o anestesista. Quando eu vi as imagens dele eu me desesperei —  disse Naiane.

—  Quando eu começo a recordar, eu só lembro da voz dele. A todo tempo ele falava baixinho no meu ouvido. Ele sempre falava próximo, e isso me incomodou bastante. Eu reclamei, após ele mandar o meu esposo sair. Eu estava lerda e senti muita dor na nuca. Ele me disse que era normal e por isso tinha que ser sedada. Eu não sei se fui abusada, mas a sedação e o fato dele estar muito próximo da minha cabeça eu achei estranho.
 

Além do trauma pessoal, Naiane também está preocupada com outras mulheres que tiveram bebê no hospital.

— A gente fica receoso, pois ele pode ter feito outras vítimas — disse.

O agente de saúde Rafael Marque de Oliveira, 28 anos, marido de Naiane, acompanhou a mulher para prestar depoimento. Ele disse que Giovanni mandou ele sair da sala de parto após a criança nascer. Ele lembra que a esposa só foi sedada após ele deixar o local.

— Eu só pude acompanhar o parto até um certo ponto. Ele mandou eu sair, porque seria com a parte médica. Eu nunca havia saído dos partos que participei. Ele só sedou a minha esposa após eu sair. É revoltante saber que pode acontecer com a esposa da gente. Estou mais tranquilo porque ele foi preso.

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