Bolsonaro liga para parentes de petista morto em Foz Iguaçu e culpa a esquerda por violência
Durante a conversa, presidente lamentou assassinato e disse que vai se reunir com familiares na quinta (14)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma chamada de vídeo, nesta terça-feira (12), para a família do guarda municipal Marcelo Arruda, dirigente do PT que foi morto em sua festa de aniversário pelo agente penal Jorge Guaranho. Na conversa, intermediada pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), o chefe do Executivo afirmou que "nada justifica" o ocorrido, mas voltou a culpar a esquerda pelo clima de violência política no país. Bolsonaro vai se encontrar com os familiares do petista na quinta-feira, em Foz do Iguaçu (PR).
Na chamada com o parlamentar e dois irmãos da vítima, Zé e Luís Arruda, Bolsonaro disse que nada justifica o que aconteceu, "por mais que tenha tido uma troca de palavras grosseiras". Além disso, defendeu que a esquerda tem politizado o tema e colocado em seu "colo" toda a responsabilidade pelo episódio.
— A gente sabe qual foi o lado que começou, mas fica essa imputação em cima de mim, como se eu fosse o responsável pelo que aconteceu, dado os meus pronunciamentos. Foi politizado pela grande mídia. A gente não concorda com esse tipo de comportamento. Se porventura me apoiem (pessoas com esse tipo de comportamento), peço que apoiem o outro lado. Eu sou vítima, eu levei uma facada — disse Bolsonaro na chamada.
Os dois irmãos de Marcelo, na ligação com Bolsonaro, se disseram apoiadores do presidente. Eles afirmaram respeitar o posicionamento politico do familiar, mas acrescentaram que a família só não admite que a esquerda fique "usando o caso para fazer politicagem".
— A gente sabe que o ambiente onde o meu irmão foi velado é um ambiente totalmente esquerdista, tava lá, apareceu lá a Gleisi Hoffmann (presidente do PT), que eu tenho pavor, mas como o meu irmão é petista, e ela estava lá por ele, não vou me pronunciar, não vou falar nada — respondeu um dos irmãos.
O outro irmão, no entanto, disse que "viu o calor humano" na forma como a esquerda tratava Marcelo, criticando o fato de que o Clube Nacional, onde aconteceu o assassinato, não prestou solidariedade aos familiares:
— Vou falar para o senhor como um camarada que quer a continuação do nosso governo. Eu acho que, na hora do calor humano, a esquerda tem um avanço. Vou falar de uma forma até para a gente aprender. Eu vi o valor humano, diferente, em relação a ele (Marcelo). Como chegam, como fazem... Eu fui funcionário (durante) trinta e cinco anos daquele clube nacional, todo mundo sabe que eu sou favorável a sua causa, entendeu? E no velório do meu irmão, não deram nem uma coroa de flores pro meu irmão, sabendo que o episódio aconteceu na empresa. Na hora que precisar ser caloroso, a gente previsa ser humano — contou, emocionado.
Ao fim da conversa, Bolsonaro convidou os familiares para, em Brasília, participar de uma coletiva de imprensa, para "mostrar o que aconteceu, "mesmo que a imprensa tenha o grande objetivo de desgastar o governo". Ao que Otoni de Paula completou:
—O mais importante, presidente, é esse simbolismo deles estarem ao seu lado e o senhor, como presidente da nação, pedindo a pacificação. Isso é o mais importante, mais importante do que a imprensa, mais importante do que tudo. Falei isso tanto para o Zé, como para o Luís, que o futuro do Brasil pode estar passando por essa casa aqui. Pode estar passando por aqui o não derramamento mais de sangue, que é o que estão querendo fazer no Brasil.