Mercado de Petróleo

Petróleo cai mais de 7% e fica abaixo de US$ 100 com risco de recessão global

Demanda vai superar a oferta, pressionando os preços, diz Opep. Há dúvidas se organização terá como ampliar produção para equilibrar mercado, segundo analistas

Previsão indica que demanda vai superar a oferta em 1 milhão de barris por dia em 2023 - Pixabay

A cotação internacional do petróleo caiu nesta terça-feira (12), com o predomínio de um clima de ansiedade sobre a possibilidade de uma recessão global e seu impacto no mercado de combustíveis fósseis com a perspectiva de menor demanda das principais economias.

O preço do barril do tipo Brent, referência internacional e para o mercado brasileiro, caiu mais de 7% nesta terça-feira, cotado abaixo da barreira psicológica dos US$ 100. Os contratos para entrega em setembro terminaram o dia cotados em US$ 99,49, baixa de 7,1%.

O barril WTI, referência nos EUA, teve queda maior: 7,60%, a R$ 95,84. A tendência de queda se intensificou após o dólar ficar muito próximo da paridade com o euro pela primeira vez em quase 20 anos, numa evidência das dificuldades das economias europeias. A queda nos preços das commodities está derrubando os mercados hoje. No Brasil, o dólar passa de R$ 5,40.

Analistas internacionais avaliam que o petróleo iniciou um processo de queda que se intensifica na medida em que se deterioram as perspectivas de crescimento nas principais economias do mundo, indicando uma tendência de queda do consumo.

A própria combinação de inflação alta puxada pelos combustíveis com alta nas taxas de juros para combatê-la alimenta os temores de uma recessão nas principais economias do planeta, com forte impacto no mercado de petróleo.

Opep espera alta em 2023

No entanto, apesar dos sinais de uma recessão mundial cada vez mais claros, a Opep, organização que reúne os maiores exportadores mundiais de petróleo, avalia que o equilíbrio nesse mercado vai continuar apertado em 2023. De acordo com projeções da organização, a demanda vai superar a oferta em 1 milhão de barris por dia no ano que vem.

Apesar da queda do barril nos últimos dias, as perspectivas de longo prazo traçadas pela Opep é de que o petróleo volte a subir de preço, com maior procura de gasolina e diesel. Para equilibrar o mercado no ano que vem, a Opep teria que elevar significativamente a oferta de óleo. Mas o cartel não está dando conta nem de atender a demanda atual.

Seus membros não têm investido o suficiente para ampliar produção e estão passando por instabilidades políticas, que também dificultam acelerar a extração de mais barris.

De acordo com o cenário divulgado nesta terça-feira, a demanda global de petróleo vai atingir 2,7 milhões de barris por dia no ano que vem, impulsionada pelo crescimento das economias emergentes. A oferta - desconsiderando a produção da Opep - vai aumentar em 1,7 milhão de barris diários.

Para que o equilíbrio seja alcançado, a organização teria que produzir 30,1 milhões de barris por dia no ano que vem, o que representaria um acréscimo de 1,38 milhão de barris tendo como base o volume produzido em junho.

Os 13 membros da Opep estão produzindo mais que durante a pandemia. Mas países como Arábia Saudita e Nigéria viram sua capacidade produtiva cair, com problemas operacionais e investimentos aquém do necessário. Outras nações, como a Líbia, enfrentam turbulência política, o que também afeta a produção.

O cartel se comprometeu a elevar o volume produzido em 648 mil barris diários a partir de agosto. Mas nem isso será suficiente para atingir o equilíbrio do mercado global.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem apelado aos líderes do Oriente Médio para "abrir a torneira". Ele vai visitar os países da região nesta semana. Caso os convença a ampliar a produção, um anúncio poderá ser formalizado em agosto.

Mas analistas têm dúvidas quanto à capacidade de as petrolíferas desses países avançarem na extração do petróleo.