Reino Unido

Conservadores britânicos iniciam votações para definir o primeiro-ministro

O sucessor de Johnson será anunciado em 5 de setembro

O ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson - Niklas Halle'n / AFP

O Partido Conservador que governa o Reino Unido realiza, nesta quarta-feira (13), a primeira rodada de votações para reduzir a lista de candidatos à sucessão de Boris Johnson como novo primeiro-ministro, em um ambiente onde cresce a animosidade entre os candidatos. 

"Vou de cabeça erguida", afirmou Johnson em sua penúltima sessão de perguntas no Parlamento como primeiro-ministro, após a grande queda em desgraça com a perda de apoio de seu gabinete na semana passada, que o forçou a renunciar.

Johnson também elogiou a gestão econômica de seu governo.

"Um dos prêmios de consolação de deixar o poder neste momento particular é que as vagas de emprego estão em alta", acrescentou. 

De acordo com o cronograma do Partido Conservador, o sucessor de Johnson será anunciado em 5 de setembro em meio à tentativa do partido de reconstruir o apoio popular afetado por uma série de escândalos. 

No entanto, Johnson sugeriu que o novo líder poderia ser eleito por "aclamação" antes da próxima semana, se os dois últimos candidatos chegarem a um acordo entre si. 

Os favoritos na disputa para se tornar primeiro-ministro já descartaram essa opção. 

A secretária de imprensa de Johnson acrescentou que o governo apresentou uma moção de desconfiança agendando o debate para segunda-feira, depois de rejeitar uma tentativa da oposição trabalhista de forçá-lo a sair do cargo mais cedo.

Enquanto isso, Johnson participará de uma das últimas sessões de perguntas como primeiro-ministro no Parlamento antes que seu sucessor seja anunciado em 5 de setembro, depois de uma manobra controversa para bloquear uma tentativa da oposição de forçá-lo a sair do poder antes dessa data.

O líder trabalhista Keir Starmer disse que Johnson está "totalmente perdido com este fim amargo", mas pode se contentar com o fato de que não precisa mais seguir as regras, em referência ao escândalo do "Partygate" pelas festas no confinamento e outras controvérsias durante seu governo.

Apelo à unidade 

Johnson anunciou sua renúncia na quinta-feira passada (7), após um motim em seu gabinete com uma onda de renúncias, incluindo a saída do ministro das Finanças Rishi Sunak, um dos favoritos para sucedê-lo.

Toda a saga foi o fim da espetacular carreira política de Johnson, que terminou com uma queda em desgraça depois que chegou ao poder com uma vitória eleitoral esmagadora em dezembro de 2019 e concretizou a saída da União Europeia um mês depois, antes do começo da pandemia de covid-19. 

Os representantes conservadores votarão entre os oito candidatos que permanecem na disputa e os resultados são esperados por volta das 13h00 (horário de Brasília). 

De acordo com as regras, os candidatos que receberem menos de 30 votos serão eliminados. Nas próximas semanas, a votação continuará para que no final restem apenas dois candidatos na disputa. 

Em seguida, os militantes da base do partido serão convocados para votar.

Embora Johnson tenha afirmado que não vai intervir, seus quadros mais leais atacaram Sunak, reforçando a candidatura da secretária das Relações Exteriores de extrema-direita Liz Truss. 

Johnson elogiou os "oito candidatos maravilhosos".

"Em algumas semanas, vão se unir em torno do vencedor", afirmou.

Campanha acirrada 

Como esperado, Sunak ficou em primeiro lugar no número de indicações para ser candidato, à frente da ex-ministra da Defesa Penny Mordaunt, de Truss e do legislador Tom Tugendhat, que preside o Comitê de Relações Exteriores da Câmara. 

Os outros candidatos são a jovem parlamentar Kemi Badenoch, o novo ministro das Finanças Nadhim Zahawi, o ex-ministro da Saúde Jeremy Hunt e a conselheira jurídica do governo Suella Braverman.

Em seu primeiro discurso de campanha nesta quarta-feira, Mordaunt utilizou a retórica patriótica em um vídeo de propaganda, que foi retirado do ar porque apareciam pessoas que não deram a autorização. 

Esta reservista da Marinha de 49 anos afirmou que se inspirou para dedicar sua vida ao serviço público quando, aos nove anos, viu um grupo de combatentes saindo de sua cidade natal, Portsmouth, para lutar na Guerra das Malvinas contra a Argentina.

"Acredito que nós, conservadores, perdemos a noção de quem somos", disse.