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Biden diz que palestinos precisam de 'horizonte político' para a paz

Na quinta-feira (14), Biden deixou claro que não pretende reverter o controverso reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel

Biden - Samuel Corum / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou, nesta sexta-feira (15), que os palestinos precisam de "um horizonte político" para a paz, após se reunir com o líder Mahmud Abbas na Cisjordânia ocupada.

A reunião com Abbas acontece antes de sua visita à Arábia Saudita, ponto alto de sua viagem pelo Oriente Médio.

"Precisamos de um horizonte político que o povo palestino possa realmente ver, ou pelo menos sentir. Não podemos permitir que o desespero nos roube o futuro", disse Biden em entrevista coletiva conjunta com Abbas em Belém, Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967. 

Embora tenha reiterado que não existem condições para retomar o processo de paz israelense-palestino, paralisado desde 2014, o presidente americano sugeriu que esse impasse não pode continuar. 

"Nunca abandonaremos o trabalho pela paz", ressaltou Biden.

Após dois dias de trocas com seus aliados israelenses, o presidente americano viajou para Belém para se encontrar com Abbas, já que os palestinos estão proibidos de exercer atividades políticas em Jerusalém.

Antes de viajar à tarde para a cidade saudita de Jidá, Biden visitou o Hospital Augusta Victoria de Jerusalém Oriental, na região palestina da Cidade Sagrada ocupada por Israel. Lá, anunciou uma ajuda de US$ 100 milhões à rede hospitalar local.

Biden anunciou um projeto de implementação de Internet 4G na Faixa de Gaza e na Cisjordânia para o final de 2023, uma aspiração de muitos palestinos que já constataram o uso de rede 5G em Israel.

Ele também prometeu uma contribuição adicional de US$ 200 milhões para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês).

Mais medidas políticas do que econômicas 

Abbas insistiu em medidas políticas, e não econômicas, para acabar, segundo ele, com o "Apartheid" israelense nos territórios palestinos ocupados.

O presidente dos EUA reafirmou o apoio de Washington a "uma solução de dois Estados para dois povos" que "têm raízes profundas e antigas" naquela terra. 

Na quinta-feira, porém, deixou claro que não pretende reverter o polêmico reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. 

Essa medida, adotada por seu antecessor Donald Trump, causou muita indignação entre os palestinos, que veem Jerusalém Oriental como a sede de seu futuro Estado. 

O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, diz que apoia uma solução de dois Estados, mas não se espera nenhum progresso em direção a um acordo de paz antes das eleições de novembro.

O fantasma de Khashoggi 

Em sua coletiva de imprensa em Belém, Biden também pediu esclarecimentos "completos" sobre a morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh em maio passado, enquanto cobria uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada. 

"Os Estados Unidos continuarão insistindo na responsabilização total e transparente por sua morte", disse ele, elogiando o trabalho da jornalista para a rede de televisão Al Jazeera do Catar.

Em Jidá, Biden se reunirá com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman (MBS), mas apenas como parte das negociações com uma delegação, segundo a Casa Branca. Com isso, minimiza o peso desta reunião, que acontece após a crise deflagrada com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. 

Os serviços de Inteligência dos EUA acusam MBS de ter "validado" o assassinato do colunista do jornal "The Washington Post", em Istambul, algo que Riade sempre negou. 

Antes de ser eleito presidente, Biden disse que a Arábia Saudita deveria ser tratada como um Estado "pária" e até agora se recusou a falar diretamente com "MBS".

Agora, tenta se manter fiel à sua defesa dos direitos humanos e convencer o reino do petróleo a abrir as comportas em sua produção. O desafio: baixar o preço do combustível. 

Biden deve se encontrar com líderes árabes do Conselho de Cooperação do Golfo reunidos na cidade saudita de Jidá para discutir os preços voláteis do petróleo.