G20

Países ocidentais condenam guerra da Rússia contra Ucrânia na reunião do G20 na Indonésia

Ministros ocidentais culparam Moscou pelo enorme impacto da guerra na economia mundial

Reunião do G20 - Made Nagi / Pool / AFP

Os ministros ocidentais das Finanças do G20 condenaram nesta sexta-feira (15) a invasão russa da Ucrânia, durante sua reunião na Indonésia, e culparam Moscou pelo enorme impacto da guerra na economia mundial.

A reunião de dois dias acontece na ilha de Bali, às sombras da guerra que abalou os mercados, disparou os preços dos alimentos e a inflação, uma semana depois que os ministros das Relações Exteriores do G20 confrontaram o chefe da diplomacia russo, que abandonou as negociações.

"A Rússia é a única responsável pelos efeitos negativos na economia mundial", disse a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, à delegação russa na sessão de abertura, segundo um funcionário.

"As autoridades russas devem reconhecer que as consequências terríveis desta guerra estão crescendo com seu apoio contínuo ao governo de (Vladimir) Putin. Vocês compartilham a responsabilidade da perda de vidas inocentes", acrescentou.

Ela foi acompanhada pela ministra das Finanças canadense, Chrystia Freeland, que acusou a delegação russa de ser responsável por "crimes de guerra" na Ucrânia por seu apoio à invasão, segundo uma autoridade russa. 

"Não são apenas os generais que cometem crimes de guerra, são os tecnocratas econômicos que permitem que a guerra aconteça e continue", disse Freeland, que é de origem ucraniana. 

O ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, e o ucraniano, Serhiy Marchenko, participarão virtualmente do encontro. 

Moscou enviou o vice-ministro das Finanças da Rússia, Timur Maksimov, para as negociações presenciais e estava presente quando Yellen e Freeland expressaram suas condenações, segundo uma fonte que estava na reunião. 

"Precisamos de sanções mais duras" contra Moscou. "A Rússia obriga as Nações Unidas e o FMI a encontrar os meios para salvar os países africanos da fome", os europeus a travar a inflação e "os Estados Unidos a procurar uma solução para a segurança energética no mundo", denunciou Marchenko.

A Indonésia, país anfitrião e presidente do G20 (um grupo de potências industrializadas e emergentes), alertou os ministros que o fracasso em lidar com as crises energética e alimentar seria catastrófico.

Na abertura, a ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati, convocou seus pares a trabalharem juntos em um espírito de "cooperação, colaboração e consenso", porque "o mundo está atento" à busca por soluções. 

"O custo do nosso fracasso é mais do que podemos pagar", disse ela aos delegados. "As consequências humanitárias para o mundo e para muitos países de baixa renda seriam catastróficas", acrescentou.

"O maior desafio"

O evento teve como foco as crises alimentares e energéticas que atingiram o mundo como resultado da guerra. 

"As ações do presidente russo Putin, incluindo a destruição de instalações agrícolas, roubo de grãos e equipamentos agrícolas e o bloqueio efetivo dos portos do Mar Negro equivalem a usar alimentos como arma de guerra", disse Yellen. 

Yellen deu o tom na quinta-feira ao chamar a guerra da Rússia na Ucrânia de "o maior desafio" para a economia mundial e disse que membros do governo de Putin não têm lugar nas negociações. 

Ela instou seus aliados do G20 a limitar o preço do petróleo russo para sufocar os cofres do presidente russo e pressionar Moscou a acabar com a invasão reduzindo os custos de energia. 

É improvável que haja uma declaração final quando a reunião terminar no sábado, devido a divergências sobre o papel da Rússia em causar problemas econômicos mundiais.

"Agir juntos"

A Indonésia, com uma política externa neutra, evitou excluir a Rússia do fórum apesar da pressão ocidental. 

"Este não é um momento fácil, dada a diversidade de nossos membros... e as diferenças de critérios", admitiu Indrawati. No entanto, pediu para "agir em conjunto para mostrar por que o G20 merece sua reputação como o principal fórum de cooperação internacional".

Além dos ministros russo e ucraniano, o ministro das Finanças chinês, Liu Kun, falará virtualmente, segundo a imprensa estatal indonésia, bem como o novo ministro britânico, Nadhim Zahawi. 

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu aos governos nesta sexta-feira que concentrem suas medidas de ajuda às populações mais "vulneráveis" diante de uma "combinação sem precedentes de choques".

Da mesma forma, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, interviu virtualmente no evento e "expôs as opiniões do BCE sobre o crescimento e a inflação na zona do euro, mais afetada pela guerra na Ucrânia que a maioria das demais regiões do mundo", segundo uma fonte do G20.