Bachelet nega pressão da China para impedir relatório sobre direitos humanos no país
Alta comissária da ONU assegurou que o relatório será publicado antes do término de seu mandato em agosto
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, negou, nesta quarta-feira (20), pressões da China para não divulgar um relatório sobre o país e assegurou que o mesmo será publicado antes do término de seu mandato em agosto.
"Não existe uma carta das autoridades chinesas, a verdade é que há uma carta de países. Assim como há cartas de países que me pedem para publicá-lo, há cartas de países que me pedem para não o publicar. Isso é normal", disse Bachelet durante uma conferência de imprensa em Lima como parte de sua visita de trabalho ao Peru.
O relatório "será publicado antes que eu deixe o cargo" em agosto, afirmou.
"Posso dizer que seguimos trabalhando no escritório [do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos] para atualizar o relatório para compartilhá-lo com o país em questão, como se faz sempre antes de divulgar um relatório, para que faça os comentários factuais se houver erros, como se faz na prática habitual", detalhou a ex-presidente chilena.
Durante sua visita à China em maio, Bachelet instou as autoridades a evitar medidas "arbitrárias e indiscriminadas" em Xinjiang. Mas ressaltou que sua visita não era "uma investigação".
O governo chinês é acusado de manter uigures e outros indivíduos de minorias muçulmanas em centros de detenção em Xinjiang, de esterilizar as mulheres e obrigar essas pessoas a realizar trabalhos forçados. A China, por sua vez, nega todas as acusações.
Bachelet anunciou em 13 de junho que não concorreria a um segundo mandato para o cargo, pois pretende passar mais tempo com sua família e em seu país.
A ex-presidente chilena havia avisado sua decisão ao secretário-geral da ONU, António Guterres, dois meses antes, mas nenhuma informação vazou.
A funcionária foi duramente criticada nos últimos meses pelos Estados Unidos e importantes ONGs, que a acusam de falta de firmeza frente às violações de direitos humanos na China e de agir mais como "diplomata" do que defensora dos direitos humanos.