BRASIL

Paciente internada por cirurgião preso será transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso

Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, está há dois meses no Hospital Santa Branca, onde estaria sendo mantida em cárcere privado pelo médico equatoriano Bolívar Guerrero Silva

O equatoriano Bolivar Guerrero Silva, de 63 anos, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (18) - Reprodução/TV Globo

Após um acordo entre os advogados do Hospital Santa Branca e a defesa da vendedora Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, que fez três procedimentos na unidade de saúde, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a paciente será transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira (21).

Ela continua internada na unidade, em estado grave, e teria sido mantida em cárcere privado por dois meses no local pelo cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, de 63 anos, preso na última segunda (18).

Desde a última semana, a justiça já havia determinado a transferência de Daiana para uma unidade particular, o que foi descumprido. No final da noite dessa quarta-feira (20), a direção do hospital federal teria oferecido uma vaga à paciente.
 

Na terça-feira (19), a juíza Elizabeth Maria Saad, da 5ª Vara Cível da Comarca de Duque de Caxias, mandou bloquear R$ 198 mil dos bens do Hospital Santa Branca e de Bolívar Guerrero para pagar os custos do tratamento de Daiana.

Segundo o advogado da vendedora, Ornélio Mota Rocha, foi pago R$ 27.800 à Bolívar por três procedimentos na unidade: abdominoplastia, glúteos e seios. De acordo com a defesa, o montante era oriundo de uma poupança que ela tinha feito durante a vida.

— Neste momento é a vida em primeiro lugar. Depois vamos pleitear outra reparação. A Daiana pagou R$ 27.800 da reserva da vida. Ela fez a abdominoplastia e bumbum num primeiro momento. Ele a liberou 24 horas depois e ela voltou mais três vezes por conta dos problemas. Na quarta vez ela não aguentou mais andar e voltou a ser internada. Mesmo assim, depois de todos os problemas, ele a induziu a fazer os seios. Em seguida, ele fez uma âncora, uma cirurgia reparadora e piorou ainda mais a situação — conta o advogado.

Desde a prisão do médico na última segunda-feira, (18), até a manhã desta quinta, 11 mulheres procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, que investiga o caso, para registrarem boletim contra Bolívar. As ex-pacientes afirmam que tiveram problemas após passarem por cirurgia no hospital. Cicatrizes, próteses erradas, infecções e necessidade de cirurgias de reparo foram algumas das reclamações. Uma das mulheres atendidas pelo médico afirmou ter ficado "deformada".