EUA pede à Rússia liberação rápida dos grãos ucranianos
Pedido americano acontece após o acordo assinado por Kiev e Moscou, na Turquia
Os Estados Unidos pediram à Rússia, nesta sexta-feira (22), que permita uma saída rápida dos grãos ucranianos bloqueados pela guerra, após o acordo assinado por Kiev e por Moscou na Turquia.
"Esperamos que a implementação do acordo de hoje comece rapidamente para evitar que os mais vulneráveis do mundo caiam em uma maior insegurança (alimentar) e desnutrição", disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, à imprensa.
"Temos a esperança" de que este acordo tenha efeito, afirmou Kirby, ressaltando que "temos que permanecer atentos" para que seja cumprido.
Falando no Fórum de Segurança de Aspen, nessa localidade turística do estado do Colorado (centro dos Estados Unidos), a subsecretária de Estado americana para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, elogiou, por sua vez, o nível de detalhamento do acordo negociado com Moscou pela Turquia e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Agora cabe à Rússia implementar o acordo. Mas está muito bem estruturado em termos de monitoramento e em termos de canais, pelos quais o grão deve passar", disse ela.
Para Nuland, a Rússia se viu obrigada a agir depois que o bloqueio provocado pela invasão da Ucrânia fez os preços dos alimentos dispararem nos países em desenvolvimento, principalmente na África, onde Moscou esperava contar com apoio para sua causa.
"Acho que a Rússia finalmente sentiu o hálito quente da vergonha no mundo e estava perdendo o sul global, que tinha se convencido de que isso era realmente culpa da Otan", afirmou.
Tirar os grãos da Ucrânia "deveria ter sido fácil. Poderíamos ter feito isso em uma tarde".
Os Estados Unidos destacaram o papel desempenhado na obtenção deste acordo pela Turquia, membro da Otan cujas relações com Washington foram estremecidas por suas intervenções militares na Síria e a compra de armas russas.
"Parabenizamos o secretário-geral da ONU, (António) Guterres, e o presidente turco, (Recep Tayyip) Erdogan", disse Kirby.
Mas "continuamos muito preocupados com as ameaças da Turquia de realizar uma operação militar no norte da Síria, o que poderia desestabilizar e colocar em risco a população civil, bem como os esforços da coalizão contra o Estado Islâmico".
O presidente turco ameaça desde maio atacar as forças curdas que controlam o norte da Síria para criar uma zona de segurança de 30 km ao longo da fronteira com a Turquia.