FIG 2022

Simone, Lenine e Spok inebriam público do Palco Mestre Dominguinhos

A sexta-feira do segundo fim de semana do festival foi memorável para o público do palco principal da festa

Simone levantou o público em apresentação com artistas pernambucanas - Germana Macambira/Folha de Pernambuco

Em que pese a mescla de frio e garoa somada aos atrasos dos shows no Palco Mestre Dominguinhos, polo principal do Festival de Inverno de Garanhus (FIG), não teve tempo ruim para as centenas de pessoas que aguardavam, sem arredar o pé do lugar, os artistas que integraram a programação noite dessa sexta-feira (22) do evento, realizado na cidade do Agreste de Pernambuco.

A cantora, compositora e instrumentista Isaar, por exemplo, que deveria ter iniciado a apresentação às 20h, quando subiu ao palco já passava das 21h15. Apesar do atraso, ela não deixou de ser reverenciada e celebrou com maestria os 15 anos do seu primeiro disco no retorno de uma das festas mais cortejadas do calendário pernambucano, após dois anos sem realização em decorrência da pandemia da Covid-19.

Isaar, no Mestre Dominguinhos             Crédito: Germana Macambira/Folha de PE

“É um disco que traz alegria, calma e serenidade, acho que o povo brasileiro está precisando. Espero que o público receba e estou bem feliz por levar essa energia para o palco”, afirmou a artista olindense instantes antes de abrir a noite com repertório que incluiu o álbum “Azul Claro” (2006) e faixas como “Ciranda da Madrugada” e “Anun Azul”, encerrando em grande estilo com “Borboleta Amarelinha”, não sem antes esbanjar talento (também) na percussão e no xequerê.

Simone entregue à pernambucanidade
Entre os shows mais aguardados da noite, estava o da baiana Simone. Ela veio logo a seguir a Issar e não seria exagero, no entanto, trazê-la a estas linhas como se pernambucana fosse – cercada de talentos da cena musical do Estado, ela não hesitou em declarar amor e admiração pela musicalidade da “Terra dos Altos Coqueiros” - não à toa, lançou o seu recém “Da Gente” (Biscoito Fino,  tomado predominantemente por composições com sotaque das bandas de cá.

Do multiartista Juliano Holanda, que assinou a produção do disco de Simone e, em seu show no FIG, a acompanhou com a guitarra, ela trouxe “Haja Terapia”, canção com poderio o bastante para emocionar e fazer bons ouvidos transitarem entre agruras e esperanças de que “há algo de flor e de asfalto nesses tempos encardidos”.
 

Simone, no FIG 2022                 Crédito: Germana Macambira/Folha de Pernambuco

Um momento aqui, outro acolá ouriçando o público com repertório conhecido de carreira – quando, por exemplo, entoou “Iolanda”, música de Chico Buarque, e veio com a boa-nova na interpretação de “Encontros e Despedidas” (Fernando Brant/Milton Nascimento) e, em ambas, levando os fãs ao delírio –, a noite estava mesmo propensa a exaltar Pernambuco. Primeiro com “Escancarada”, música da carioca-pernambucana Rogéria Dera e do pankararu do Sertão do Estado Gean Ramos.

Em seguida, com a conterrânea Joana Terra, ela cantou “Por Que Você Não Vem?”, composição assinada também por PC Silva. “Essa menina é de uma delicadeza extrema”, elogiou Simone que, para encerrar a tríade de participações especiais, Isabela Moraes foi a derradeira a ser chamada ao palco para dividir a leve e descontraída “Você Distante”. “Vocês aqui têm uma escola (de vozes e de talentos)”, derreteu-se Simone, que encerrou o show ao lado das três para “Tô Voltando” e “O Amanhã”.

Dois maestros, Lenine e Spok 
O tanto quanto foi para o show de Simone, o público seguiu firme à espera de Lenine e Spok, esse com reforço do seu quinteto de instrumentistas. A combinação pernambucana entre o talento musical de um e o reger (e tocar) trompetes do outro levantou o público, que, entre gritos e aplausos, demonstrava encantamento pela troca afinada no palco.

Lenine deu ‘boa noite’ com “Leão do Norte” e foi aclamado de pronto, mas o auge do show veio à tona com uma sequência de frevos entoados por ele e magistralmente tocados por Spok e seu “bando” de instrumentistas incontestáveis. “Voltei Recife”, “Hino dos Batutas de São José” e “É de Fazer Chorar” fizeram o público cantar, danças e rememorar o Carnaval de Recife e de Olinda. Também levantou coro de todos as clássicas “Paciência”, “Do It” e “Hoje Eu Quero Sair Só”.
 

Spok e Lenine no Palco Mestre Dominguinhos, do FIG 2022                        Crédito: Germana Macambira


“O FIG me traz memórias afetivas. A primeira vez que estive aqui foi há 27 anos... A memória afetiva é sempre a do calor numa noite fria, de garoa, mas que não tira ninguém do lugar”, mencionou Lenine, que encerrou sua participação e deu lugar ao Jota Quest, grupo recebido ainda com muito fôlego no Palco Mestre Dominguinhos, apesar da maratona anterior de shows irretocáveis.