Polícia Federal prende homem que levava fuzis escondidos em carro para o Complexo do Alemão
Armamento foi encontrado com a ajuda de cão farejador da PF. Suspeito vai responder por comércio ilegal de arma de fogo
Policiais federais prenderam um homem, na tarde desta sexta-feira (22), transportando sete fuzis, uma pistola calibre 9mm, peça de reposição de fuzil e diversos carregadores para o Rio, no interior do tanque de combustível de um veículo. O suspeito, de 35 anos, dirigia um carro que foi parado pelos agentes na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Piraí, no Sul Fluminense, e segundo a Polícia Federal, o destino do armamento seria o Complexo do Alemão. A região recebeu uma operação das polícias Militar e Civil, nessa quinta-feira (21), que terminou com 18 mortos, e teve saldo de apreensão menor.
A ação policial teve início nas primeiras horas da manhã de quinta e se estendeu até a noite. Mais de 400 policiais civis e militares participaram da ação, que empregou ainda quatro aeronaves e dez veículos blindados. As tropas de elite das duas corporações — Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e Batalhão de Operações Especiais (Bope), respectivamente — comandaram as varreduras. Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou do cerco ao conjunto de favelas, patrulhando acessos e ruas próximas. A PM divulgou um balanço informando que foram encontrados na comunidade quatro fuzis, duas pistolas e uma metralhadora .50, destinada a abater aeronaves, além de 56 artefatos explosivos.
Em contrapartida, o poderia bélico dos criminosos do Complexo do alemão surpreendeu até o porta-voz da Polícia Militar, o tenente-coronel Ivan Blaz. Em entrevista nessa sexta-feira (22), o oficial contou que a munição utilizada por agentes do Bope acabou nas duas primeiras horas de confronto com os suspeitos. O tiroteio durou mais de 13 horas. Nas redes sociais, vídeos mostram a grande quantidade de cartuchos de balas espalhados pelo chão, incluindo cápsulas que seriam de fuzil.
– Está cada vez mais claro que a entrada de armas é a variável que mais impacta na realidade do Rio de Janeiro. Ontem (quinta-feira, dia da operação), por volta das 7h30, a munição do Bope já havia sido totalmente consumida dada a intensidade do confronto armado que se deu no Complexo do Alemão. A gente fala muito na Operação do Salgueiro, que durou a noite inteira de confronto. Mas (nela) não foi consumida a quantidade de munição que foi consumida ontem no Alemão. Eu estou falando de uma ordem de grandeza de centenas de fuzis. Não estou contando nem o contingente humano. Só falo de fuzis naquela região. Você vê equipamentos táticos impetrados pelos criminosos, barricadas medievais sendo colocadas, com espeto, soldas etc. São investimentos feitos naquela região para uma guerra – afirmou o porta-voz ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, na sexta-feira.
Entre os vídeos que circularam nas redes sociais já nas primeiras horas da ação, muitos mostraram um helicóptero da polícia sendo alvo de disparos de armas de grosso calibre. Nas imagens é possível ver os rasantes e as balas traçantes direcionadas para a aeronave. No dia seguinte, via-se nas ruas da comunidade os sinais dos confrontos. Além das munições e das marcas de sangue, paredes de casas e comércios estavam cravejadas.
Os tiroteios continuaram na sexta-feira, e, por volta das 9h, uma moradora morreu ao ser atingida na cabeça por um tiro de fuzil. A PM disse que o disparo partiu de criminosos em retaliação à retirada de uma barricada que uma equipe de agentes realizava no momento. A versão foi contestada por moradores, segundo relatos à ONG Voz das Comunidades, que afirmam que Solange Mendes, de 49 anos, foi ferida por um policial que teria se assustado quando ela passava pelo local.
A abordagem realizada pela PF teve o apoio do cão farejador Apollo para localização das armas. O preso responderá pelo crime de comércio ilegal de arma de fogo, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão.