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Economia dos EUA volta a contrair e temores por recessão aumentam

Segundo dados divulgados nesta quinta-feira(28) pelo Departamento de Comércio, a contração do PIB foi de 0,9% na projeção anual

Dólar, moeda americana - Valter Campanato/Agência Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos contraiu novamente no segundo trimestre, aumentando o risco de recessão na maior economia do mundo alguns meses antes de uma eleição importante para Joe Biden. 

Segundo dados divulgados nesta quinta-feira(28) pelo Departamento de Comércio, a contração do PIB foi de 0,9% na projeção anual, a medida de preferência nos Estados Unidos, que compara a atividade de um trimestre com a anterior e a projeta para o restante do ano. 

No primeiro trimestre, o PIB contraiu 1,6%. A definição comumente aceita de recessão é dois trimestres consecutivos de declínio do PIB, mas muitos economistas, e também o governo Joe Biden, dizem que a economia não está necessariamente em recessão porque mostra outros indicadores favoráveis, como dados do mercado de trabalho. Apesar dos resultados do PIB, Biden disse na quinta-feira que a economia está "caminhando bem".

"Não é de surpreender que a economia desacelere quando o Federal Reserve age para reduzir a inflação", disse Biden em comunicado, um dia após o Federal Reserve (Fed, banco central) aumentar suas taxas de juros pela quarta vez consecutiva na tentativa de conter o aumento dos preços.

A queda do PIB reflete a queda no investimento das empresas e na compra de casas pelas famílias, segundo o Departamento de Comércio. Da mesma forma, o governo federal, os governos estaduais e as administrações locais contiveram gastos. 

O consumo foi mantido graças ao setor de serviços que, no entanto, teve que aumentar seus preços devido à inflação.

- Recessão, sim ou não? -

Com os números desta quinta-feira, volta o debate sobre uma possível recessão nos Estados Unidos.

Apenas um órgão nos Estados Unidos tem autoridade para determinar oficialmente os períodos de recessão, o National Bureau of Economic Research (NBER), mas o faz com um atraso de vários meses. 

"Consideramos uma série de indicadores", explica a entidade em seu site, que, de qualquer forma, indica "o aumento da queda da atividade econômica". 

Biden disse na segunda-feira que seu país não entrará em recessão e que seu governo está tentando apagar o fogo da inflação. 

A secretária do Tesouro Janet Yellen expressou uma ideia semelhante. "O que a recessão realmente significa é uma contração generalizada da economia e, embora o número (ndlr: do crescimento do PIB) seja negativo, não estamos em recessão agora", disse Yellen no domingo. 

Já a oposição percebe uma manipulação dos dados. "Dica para Joe Biden: não é possível mudar a realidade discutindo suas definições", reagiu o Partido Republicano.

- Desaceleração -

A taxa de desemprego de 3,6% está próxima do nível pré-pandemia, que foi o menor em 50 anos, e os empregadores continuam com dificuldades para contratar. 

O consumo, motor da economia americana, manteve-se surpreendentemente forte em junho. Mas os consumidores saem das lojas com uma cesta menor pelo mesmo valor. 

A inflação atingiu 9,1% nos 12 meses até junho nos Estados Unidos, e permanece na máxima de 40 anos. 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou consideravelmente para baixo sua expectativa de crescimento para os Estados Unidos para este ano e agora espera 2,3% quando em abril projetava 3,7%. A entidade levou em conta os efeitos da inflação e "crescimento mais fraco no início do ano". 

A economia dos EUA contraiu 3,4% em 2020 como resultado da crise da Covid-19 e depois recuperou 5,7% em 2021.