Carmo Dalla Vecchia e as novas estruturas familiares
Na pele do ilustrador Alfredo, ator de "Cara e Coragem" discute as mudanças nos núcleos das famílias atuais
Carmo Dalla Vecchia foi impactado pelo enredo de “Cara e Coragem” em diversos níveis. Ao tomar conhecimento do texto da trama das sete, o ator de 51 anos ficou bastante empolgado com o projeto. Uma única palavra do título do folhetim, inclusive, foi crucial para Carmo compreender os caminhos de seu personagem ao longo dos capítulos.
“Acho que ‘coragem’ é algo que bate muito forte em mim quando falamos da novela. Meu personagem não tem coragem nenhuma, né? Ele não tem coragem de assumir que está doente, nega que o casamento já não é mais a mesma coisa. Então, acho até que vai na contramão dos demais personagens. Sem a coragem, o meu personagem não consegue enxergar ao redor dele”, explica Carmo.
Par com Paolla Oliveira
Na história, Alfredo vive o ilustrador Alfredo, casado com a protagonista Pat, interpretada por Paolla Oliveira. Ele alterna o trabalho home-office com os afazeres de casa. É ele quem cozinha, arruma a casa e leva as crianças para escola enquanto Pat trabalha como dublê.
Alfredo, porém, tem uma doença desconhecida, o que causa grande preocupação em Pat. É apaixonado pela mulher e faz de tudo para manter seu casamento de pé.
“Gosto do Alfredo porque é um personagem que mostra uma inversão de papéis. Vamos na contramão do que as pessoas estão acostumadas a ver. Não temos o cara que sai para trabalhar enquanto a mulher cuida da casa e dos filhos. É uma relação gostosa e invertida. É o cara que cozinha, cuida do lar e das crianças. Acho que precisamos trazer esses exemplos para a dramaturgia. Isso gera um olhar diferente do público para essas questões”, ressalta.
Nova fase familiar
Essa nova dinâmica familiar das casas brasileiras é um assunto que, inclusive, chama bastante a atenção de Carmo. O ator é casado desde 2005 com o autor João Emanoel Carneiro. Eles são pais do pequeno Pedro Rafael, de 2 anos. Carmo faz questão de se envolver em todos os detalhes da vida do filho em casa e na escola.
“Consigo ver muito essas questões no meu entorno. Eu converso com muitos pais que não têm a menor noção do que está acontecendo dentro da casa deles. Esses detalhes são importantíssimos e devem ser compartilhados com todos”, aponta.
De folga da tevê desde o fim de “Órfãos da Terra”, Carmo usou esse período longe dos folhetins para investir em outras produções, como a “Super Dança dos Famosos”. De volta aos estúdios, ele celebra a parceria com a autora Claudia Souto e a diretora Natália Grimberg. “Estou tendo um prazer enorme com esse trabalho. Agradeço muito a todos da equipe pela oportunidade. É uma delícia de personagem. Muito bom contar uma história tão afetiva e bonita”, afirma.
Memórias na tela
O pacato Alfredo não é o único trabalho de Carmo Dalla Vecchia no ar. Atualmente, ele também tem a chance de rever um de seus principais projeto. O ator pode ser visto na reprise de “A Favorita”, que vai ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo”. Na trama de João Emanuel Carneiro, ele interpretou o jornalista Zé Bob.
“Foi uma história diferente de tudo que já havia sido feito. A tevê da época ousou. Iniciar a trama sem saber quem está falando a verdade e para quem torcer? Isso é novo até hoje”, relembra. Há quase 30 anos na televisão, Carmo evita sentimentos nostálgicos. O ator não costuma ficar apegado a trabalhos antigos, minimizando qualquer tipo de autocrítica. “Não tenho muito esse olho voltado para trás”, valoriza.
Serviço
“Cara e Coragem” - Globo - Segunda a sábado, na faixa das 19h30