Rio de Janeiro

Paciente mantida em cárcere em hospital passará por nova cirurgia

Daiana teve curativos da cirurgia reparadora retirados

Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, mantida em cárcere por 50 dias pelo cirurgião Bolívar Guerrero Silva, preso desde a última segunda-feira (18) - Reprodução/TV Globo

A paciente Daiane Chaves Cavalcanti, que sofreu complicações após cirurgias plásticas feitas pelo médico Bolívar Guerrero Silva, teve hoje (29) curativos retirados, após procedimentos de correção e passará por nova cirurgia reparadora.

O advogado Ornélio Mota Rocha, que defende Daiana, esteve ontem no hospital onde ela está internada, com o pai da vítima, Anderson Cavalcanti, onde recebeu informações sobre o estado de saúde da paciente, que tem 35 anos. “Os médicos retiraram um dos curativos a vácuo abaixo de um dos seios e outro da parte inferior da barriga, que já estão cicatrizados”, informou Ornélio, acrescentando que ela ainda tem dois curativos.

“Daiane também está sendo acompanhada por um psiquiatra e uma psicóloga do hospital, devido à fragilidade emocional pelos traumas que passou no Hospital Santa Branca. Ela ainda passará por outro procedimento cirúrgico na quarta-feira (3) ou no dia seguinte para correção da cirurgia”, informou o advogado.

Procedimento

No início de junho, Daiana fez procedimentos cirúrgicos no abdômen e nos seios com o cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva,,de 63 anos. As cirurgias a deixaram com várias sequelas, como necrose do tecido abaixo dos seios e da barriga. 

A paciente retornou dias depois ao hospital ao ficar com os seios inchados e avermelhados e a barriga com um ferimento aberto. Apesar dos pedidos de transferência de hospital feitos por Daiana, ela diz ter sido mantida contra sua vontade internada no Hospital Santa Branca. O médico está preso desde o dia 18, acusado de manter a paciente em cárcere privado, como forma de ocultar seu estado de saúde.

Depois de quase dois meses mantida no hospital, a paciente foi transferida na semana passada, por decisão da Justiça, para o Hospital Federal de Bonsucesso. Na sexta-feira passada (22), a paciente passou por um procedimento cirúrgico para retirada da pele necrosada.

Prorrogação da prisão

Nesta semana, a Justiça prorrogou por mais 25 dias, a pedido do Ministério Público, a prisão temporária do médico. 

O inquérito policial foi inicialmente instaurado para apuração de lesão corporal de natureza grave contra a paciente Daiana Chaves, mas passou a apurar também associação criminosa e cárcere privado, sendo decretada a prisão temporária pelo prazo inicial de cinco dias e, posteriormente, prorrogada por mais cinco dias.

Ao receber o inquérito, a promotora de Justiça Cláudia Portocarrero entendeu que, ao contrário do indiciamento feito pela polícia, havia indícios fortes de que o agente teria assumido o risco de matar a vítima e, portanto, teria cometido crime mais grave: homicídio qualificado na modalidade tentada, hediondo.