Datafolha

Para evitar discussões, 49% dos entrevistados deixaram de falar sobre política, afirma pesquisa

Pesquisa diz que 54% passaram por alguma situação de constrangimento, ameaça física ou verbal motivada por suas posições políticas nos últimos meses

Redes sociais - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O acirramento eleitoral no Brasil fez com praticamente metade do eleitorado do país deixar de falar sobre política com amigos e familiares, nos últimos meses, para evitar discussões. De acordo com a pesquisa Datafolha, realizada na semana passada e divulgada neste domingo, 49% dos entrevistados tiveram essa postura.

O percentual é maior entre os eleitores do do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto: 54% abriram mão de conversas sobre política para se esquivar de um diálogo conflituoso. A pesquisa indica que 40% daqueles que declaram voto no presidente Jair Bolsonaro (PL) deixaram de conversar sobre o tema para escapar de qualquer desavença.

Os primeiros dados da pesquisa foram divulgados nesta quinta-feira pelo jornal "Folha de S. Paulo". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém a liderança no primeiro turno com 47% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece na segunda colocação com 29%. Na pesquisa anterior, divulgada em junho, Lula aparecia com 47% e Bolsonaro com 28%.

A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos. A nova pesquisa indica que Lula poderia vencer a eleição presidencial no primeiro turno, caso o pleito acontecesse no cenário atual.

Constrangimentos e ameaças

O levantamento do Datafolha também questionou os entrevistados ameaças e constrangimentos sofridos no contexto político. Do total de participantes, 54% relataram ter vivido alguma situação de constrangimento, ameaça física ou verbal em razão de suas posições políticas nos últimos meses.

Os grupos mais relataram constrangimentos e ameaças são os simpatizantes do PT (63%), eleitores de Lula (58%), mais instruídos (62%), que reprovam o governo Bolsonaro (62%), autodeclarados pretos (60%) e homossexuais e bissexuais (65%).

Do total de entrevistados, 15% responderam que já receberam ameaça verbal. Outros 7% disseram ter recebido ameaça física.

Entre os que dizem ter sofrido ameaça verbal, o percentual é maior de apoiadores do ex-presidente Lula: 19%. Do lado bolsonarista, 12% afirmaram ter sido ameaçados verbalmente por motivação política.

Os eleitores de Lula representam 9% do total de ameaças físicas relatadas ao Datafolha, enquanto os que declaram voto em Bolsonaro têm índice de 5%.

Redes sociais

O uso da internet também foi afetado pelo acirramento político em ano eleitoral. Dados levantados pelo Datafolha mostram que 53% dos eleitores mudaram a postura nas redes sociais para evitar atritos com amigos e familiares.

A maioria dos entrevistados relatou ter passado por algum tipo de problema relacionado a política em aplicativos de mensagens: 53%.

No mais popular deles, o WhatsApp, 43% pararam de falar sobre política e 19% saíram de algum grupo. Em outras plataformas, 41% dos entrevistados deixaram de comentar e publicar conteúdo eleitoral.