"Se ele tivesse condição, não estaria morando numa barreira", diz sobrinha da 133ª vítima das chuvas
Antônio Marcos Pereira da Silva, de 47 anos, morreu nesse sábado (30)
"É difícil sobreviver com um salário mínimo. Se ele tivesse uma condição diferente, não estaria morando numa barreira. Ou você come ou tem uma boa moradia". Essa é a fala de Ana Beatriz Pereira, de 25 anos, sobrinha de Antônio Marcos Pereira da Silva, de 47 anos, a mais recente vítima fatal das fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos meses.
Antônio era gari. Trabalhava para uma empresa que presta serviços para a Prefeitura do Recife. Ele estava internado no Hospital da Restauração (HR), na área central da capital, desde 7 de junho, quando uma barreira cedeu e atingiu a casa que ele morava e outras quatro, no Alto Santa Terezinha, na Zona Norte da cidade. Na ocasião, um adolescente de 13 anos morreu no local após ter sua residência invadida pela lama.
Segundo o HR, Antônio deu entrada com o quadro de politraumatismo e estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele passou por diversas cirurgias, mas não resistiu, indo a óbito às 8h30 desse sábado (30).
"Ele teve uma infecção nos braços e na perna, tendo que amputar a perna direita. Os médicos diziam que o quadro dele era grave estável. Tínhamos esperança de melhora, porque ele mexia os braços e os lábios na tentativa de falar, mas teve uma infecção generalizada no sábado", afirmou Ana Beatriz, informando que o tio era muito querido por todos e esbanjava alegria, inclusive enquanto trabalhava.
"Ele amava dançar e cozinhar, era extrovertido, amoroso. Gostava de gravar vídeo. Não tinha filhos, nem esposa, morava sozinho. Só queria ter o cantinho e a privacidade dele, que é o que todo mundo quer, mas infelizmente ocorreu isso", lamentou a sobrinha.
Com a morte de Antônio Marcos, sobe para 133 o número de vítimas fatais por decorrência das chuvas no Estado, iniciadas no último 25 de maio.
O velório dele está previsto para acontecer nesta segunda-feira (1º), a partir das 12h, no Cemitério de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, e o enterro às 15h, no mesmo local.