Censo 2022

Censo 2022 começa hoje, após dois anos de atraso; Bolsonaro foi o 1º entrevistado

Tradicionalmente, os presidentes da República são os primeiros a serem ouvidos nos censos demográficos

Bolsonaro recebeu o presidente do instituto, Eduardo Rios Neto, e uma equipe de recenseadores - Reprodução / Twitter

O Censo 2022 começou nesta segunda-feira. Os mais de 183 mil recenseadores do IBGE iniciaram a visita aos 75 milhões de domicílios brasileiros.

O maior levantamento sobre as condições de vida da população, que era para ter acontecido em 2020, teve de ser suspenso pela pandemia e, depois, pela falta de recursos para uma operação que exige mais de R$ 2 bilhões para ser realizada.

O presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro brasileiro a ser entrevistado para o Censo de 2022. Bolsonaro recebeu o presidente do instituto, Eduardo Rios Neto, e uma equipe de recenseadores.

Tradicionalmente, os presidentes da República são os primeiros a serem ouvidos nos censos demográficos.

— Estou aqui com o presidente do IBGE. Com o Gabriel, que me entrevistou. Sou a primeira pessoa a ser entrevistada pelo Censo 2022 — afirma Bolsonaro, em uma gravação publicada por um ex-assessor da Presidência.

No vídeo, Rios Neto pede para que todos os cidadãos recebam as equipes do Censo em sua casa.

— Presidente, é um prazer. O senhor é o cidadão número um do país. E nós estamos começando. Daqui, durante três meses, agosto, setembro, outubro, que todas as residências brasileiras recebam o IBGE bem para que a gente entreviste todos os domicílios, faça o recenseamento de todos os domicílios, para o bem da nação.

O Censo, além de contar os estimados 215 milhões de habitantes, traz um retrato por sexo, idade, instrução, renda, condições do domicílio (se tem água, luz, saneamento, internet e posse de eletrodomésticos), numa visão mais geral.

Um outro questionário, mais extenso e aplicado a 11% das casas, vai investigar sobre trabalho, composição das famílias, fecundidade, migração, religião, deslocamento e pessoas com deficiência.

O Censo 2022 trará algumas investigações inéditas como o retrato das 5.972 comunidades quilombolas. Além do questionário individual, o líder da comunidade vai descrever a infraestrutura do local, recursos naturais, educação, saúde e hábitos da aldeia.

Na pesquisa sobre a população com deficiência, o transtorno do espectro autista também será identificado.

Foi um longo caminho até os milhares de recenseadores irem aplicar os questionários a partir desta segunda-feira. Ainda antes da pandemia, em 2019, o tamanho do questionário foi posto em xeque, provocando protestos em defesa de um censo com mais perguntas, num documento que já tinha sido definida previamente pela comissão que cuida do Censo.

Queda na expectativa de vida

Passado a polêmica sobre quais temas que o censo deveria abordar, passou-se para o gasto. Inicialmente orçado em R$ 3 bilhões, no início de 2019, teve o orçamento reduzido para R$ 2,3 bilhões.

Esse censo é particularmente importante por registrar como a pandemia mexeu com os indicadores socioeconômicos, principalmente as tendências demográficas. Pelos cálculos da economista Ana Amélia Camarano, houve uma queda na expectativa de vida de 4,4 anos do brasileiro em menos de 22 meses de pandemia (entre março de 2020 e dezembro de 2021).

Entre 1980 e 2019, essa esperança de vida crescia quatro meses por ano. Com a nova contagem, será possível mensurar o impacto da Covid-19.

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Os primeiros resultados do Censo 2022 devem sair até o fim do ano. Os recenseadores ficarão em campo três meses, até outubro. O suporte por telefone será feito pelo Centro de Apoio ao Censo (CAC), pelo telefone 0800 721 8181 do IBGE.

Os agentes do CAC responderão dúvidas em geral sobre o Censo, o preenchimento do questionário via internet e, se o morador deixar, preencher o questionário em entrevista por telefone.