Gestão

Nova presidente da Caixa promete revisão de governança no banco

Daniella Marques também quer fazer parceria com BNDES para estruturar concessões para mais municípios

Daniella Marques, nomeada presidente da Caixa - Washington Costa/ME

A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, refirmou nesta quarta-feira (3) em São Paulo que o banco vai fazer "uma nova revisão de governança" para fortalecer áreas como compliance em meio às investigações sobre supostos casos de assédio moral e sexual que teriam sido cometidos na gestão de Pedro Guimarães à frente da estatal.

— A gente vai fazer uma nova revisão de governança fortalecendo outros fóruns internos, principalmente a área de compliance, que hoje está subordinada à vice-presidência de Riscos, que atua no monitoramento. Mas na minha experiência, na minha visão, se você fortalece o canal que atua preventivamente, você diminui o número de incidentes — afirmou a nova presidente da instituição a jornalistas durante o evento Expert XP, promovido pela XP Investimentos.

Marques defendeu que o padrão de governança adotado pela Caixa seja compatível com o de empresas de capital aberto listadas no Novo Mercado, o segmento mais exigente na B3.

A nova presidente assumiu o cargo há um mês, depois que o então presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, caiu em meio a denúncias de assédio moral e sexual feitas por funcionárias do banco público.

Questionada sobre as mudanças em cargos no banco, Marques disse que "por ora" não deve fazer mais alterações, mas não descartou mudar a estrutura diretiva da Caixa.

— A gente está em processo para selecionar a vice-presidência de Sustentabilidade, e passando nesse estágio, por uma revisão na parte de governnaça de controle de Riscos e Compliance, mas ainda não sei se haverá mudança de vice-presidência, do ponto de vista de estrutura — disse.

Desde que ela assumiu, dois vice-presidentes ligados a Guimarães deixaram o banco. A nova gestão afastou, ainda, 26 consultores próximos ao ex-presidente da Caixa.

Marques ressaltou ainda a mudança da corregedoria, antes ligada diretamente à presidência do banco e atualmente subordinada ao conselho de administração da instituição e a criação da chamada "sala permanente" voltada a receber denúncias de casos de assédio no banco e a dar suporte a funcionárias que ventualmente tenham sido assediadas. As denúncias são monitoradas semanalmente.

— É uma sala permanente com 25 mulheres atendendo, um canal de apoio e acolhimento exclusivo para mulheres e formado por mulheres, tem tido uma resposta muito positiva. Isso tirou um pouco da pressão interna. (...) Realmente acolheu e acalmou o ambiente. Teve uma resposta muito positiva internamente. Essa sala funciona permanentemente no mesmo prédio em que eu fico, tem atendimento por chat, presencial e por telefone — afirmou.

Infraestrutura

Durante sua participação no evento da XP, a presidente da Caixa anunciou ainda que o banco deverá firmar uma parceria com o BNDES para ganhar escala na modelagem de programas de concessões e parcerias público-privadas voltados a municípios.

— O BNDES tem uma inteligência de estruturação de projetos. Eu tenho (na Caixa) a distribuição de projetos. Podemos fazer um acordo de cooperção, estamos desenhando (a parceria) para que a carteiraa de projetos que a Caixa trabalha hoje com algumas prefeituras, de iluminação pública, resíduos sólidos e creches, seja uma fábrica de mais escala e a gente replique isso Brasil afora. Temos mais de 5 mil municípios e as prefeituras não tem capital humano para estruturar (projetos de concessão) — disse Daniella.