Política

Oito anos de prisão para opositor venezuelano por atentado com drones contra Maduro

A sentença foi anunciada exatamente quatro anos após a explosão de dois drones nos arredores de um palco onde Maduro liderava um ato com os militares, em 4 de agosto de 2018

Juan Requesens - Reprodução/Wikipedia

O líder opositor venezuelano Juan Requesens foi condenado nesta quinta-feira (4) a oito anos de prisão por seu envolvimento em um suposto atentado fracassado contra o presidente Nicolás Maduro em 2018, pelo qual outros acusados receberam penas de entre 20 e 30 anos de prisão.

"Neste momento, saindo da audiência de julgamento de Juan Requesens, condenado a oito anos pelo crime de conspiração", escreveu o advogado de Requesens, Joel García, no Twitter após uma audiência que ocorreu na madrugada. 

"Nas próximas horas me encontrarei com sua família para as próximas ações", acrescentou. 

A sentença foi anunciada exatamente quatro anos após a explosão de dois drones nos arredores de um palco onde Maduro liderava um ato com os militares, em 4 de agosto de 2018. Caracas acusou o governo do então presidente colombiano Juan Manuel Santos de planejar a tentativa de assassinato em colaboração com os Estados Unidos e o Peru.

Requesens foi detido três dias depois e acusado de homicídio frustrado, terrorismo e traição à pátria. Cerca de trinta pessoas foram presas neste caso, incluindo um vereador que morreu sob custódia do serviço de inteligência (Sebin).

Poucos dias depois de sua prisão, o governo mostrou o líder da oposição, agora com 33 anos, em um vídeo em que admitiu ter tido contato com um dos supostos envolvidos no incidente. A oposição denunciou que o legislador foi ameaçado ou drogado. 

"O Ministério Público não conseguiu provar sua responsabilidade em nenhum dos sete crimes pelos quais foi acusado", escreveu o advogado García antes de ouvir a sentença. "A juíza não tem como condená-lo e deve ser absolvido, mas nossa justiça está sequestrada".

Requesens, deputado do Parlamento anterior de 2015 controlado pela oposição, ficou detido na sede do Sebin até 2020, quando recebeu o benefício da prisão domiciliar. Não está claro se a medida será mantida após a sentença. 

"Repúdio eterno aos tiranos e à tirania", escreveu o pai do condenado, também chamado Juan Requesens. 

"A ditadura o sequestrou e o mantém privado de sua liberdade como mecanismo de perseguição de toda uma sociedade que resiste", escreveu o líder da oposição Juan Guaidó.

Dois dos acusados, Emirlendris Benítez e Yolmer Escalona, receberam a condenação máxima de 30 anos de prisão, e outro, Juan Rivas, foi condenado a 20 anos, segundo a ONG Fórum Penal, que atende casos de presos políticos.