Governo pressionou Petrobras para reduzir preço do diesel; ministro comemora
Estatal anunciou queda no valor do diesel nas refinarias em 3,56%
O Palácio do Planalto e integrantes do governo Jair Bolsonaro, especialmente a Casa Civil, vinham pressionando a Petrobras para reduzir o preço do óleo diesel, de acordo com integrantes do Executivo, após a empresa ter mexido nos valores da gasolina duas vezes.
A empresa anunciou nesta quinta-feira (4) uma redução de R$ 0,20 por litro do diesel nas refinarias. A partir desta sexta-feira, o preço médio de diesel vendido pela Petrobras será reduzido em R$ 0,20 por litro, de R$ 5,61 para R$ 5,41, informou há pouco a estatal. É uma queda de 3,56%.
É a primeira vez que o preço do diesel é reduzido desde que o novo presidente da estatal, Caio Paes de Andrade, assumiu o comando da empresa. Ex-secretário do Ministério da Economia de Paulo Guedes, Andrade é mais alinhado ao Palácio do Planalto que seus antecessores (três presidentes da Petrobras caíram sob Bolsonaro por conta da alta dos preços dos combustíveis).
Mesmo alinhado ao governo, Andrade vinha sendo cobrado internamente por ainda não ter reduzido o preço do diesel — a gasolina já caiu duas vezes na sua gestão.
Para integrantes do governo, esse anúncio é necessário para consolidar um clima mais favorável ao presidente Jair Bolsonaro na economia em meio à campanha presidencial. Auxiliares do presidente veem a inflação como uma das maiores pedras no sapato para a reeleição do presidente.
Por isso, houve um trabalho intenso nos últimos dias para tentar reduzir o preço dos combustíveis não só via Petrobras, mas também com a redução de impostos — neste ponto, o governo federal criou uma conta aos estados com a redução obrigatória do ICMS, principal tributo estadual.
Com a queda do preço do diesel, o governo quer fortalecer a retórica de que Bolsonaro teria agido para reduzir o preço dos combustíveis e agradar principalmente os caminhoneiros, categoria simpática ao presidente.
Nos bastidores, o governo criticava a Petrobras por não reduzir o preço, mesmo com o patamar inferior dos valores do petróleo. Auxiliares de Bolsonaro afirmavam que a Petrobras estava segurando o preço do diesel para “fazer caixa”.
Nas últimas semanas, lideranças de caminhoneiros próximos ao Planalto vinham insistindo recorrentemente para reduzir o preço diesel, mesmo após essa categoria ter sido beneficiada com um vale mensal de R$ 1.000 válido até dezembro (criado a partir da PEC Eleitoral).
Cálculos da Abicom (associação de importadores) mostram que o diesel estava 10% mais caro aqui do que no mercado internacional. Isso é causado essencialmente pela queda do preço do barril de petróleo, que baliza as decisões de preço da estatal, junto com o dólar. Técnicos da Petrobras afirmam recorrentemente, porém, que é preciso haver uma redução consolidada do petróleo antes de uma decisão de preço.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, comemorou a decisão da Petrobras nas redes sociais. Ele assumiu o cargo após a saída de Bento Albuquerque causada justamente pelo preço dos combustíveis.
“Redução no preço do Diesel!!!!! Redução de 20 centavos no preço do litro do diesel! Passo a passo e com a graça de Deus os resultados vão aparecendo! Brasil porto seguro do investimento”, afirmou.
Segundo a Petrobras, o reajuste acompanha a evolução dos preços de referência, ou seja, da cotações no mercado internacional, que se estabilizaram num "patamar inferior". Em nota, a empresa afirma que a decisão "é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
"Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 5,05, em média, para R$ 4,87 a cada litro vendido na bomba", informou a estatal.