peru

Presidente do Peru alega inocência e invoca direito ao silêncio em caso de suposta corrupção

Pedro Castillo enfrenta cinco investigações fiscais por suposto crime de corrupção

Presidente peruano, Pedro Castillo, comparecendo ao interrogatório no Ministério Público para se defender em um caso de suspeita de corrupção - Peru's Public Prosecutor's Office / AFP

O presidente do Peru, Pedro Castillo, compareceu ao Ministério Público nesta quinta-feira (4) para se defender em um caso de suspeita de corrupção, mas se recusou a responder ao interrogatório e preferiu exercer o direito de permanecer em silêncio.

"Eu afirmei à procuradora que não faço parte de nenhuma organização criminosa e vou provar minha inocência", declarou Castillo a jornalistas, após a audiência de uma hora.

"Não roubei ninguém, não matei ninguém, o povo me colocou aqui e sempre o representarei", acrescentou, após retornar à sede do Executivo.

Castillo enfrenta um recorde de cinco investigações fiscais por suposta corrupção, uma situação inédita para um presidente em exercício no Peru.

"Nego qualquer tentativa de obstrução à justiça, pelo contrário, reafirmo colaborar sempre com as investigações que forem necessárias", afirmou o presidente no Twitter.

Seu advogado, Benji Espinoza, informou que o presidente fez uma declaração genérica à procuradora-geral da República, Patricia Benavides, e em seguida informou que não responderia ao interrogatório.

"Neste momento, vai exercer seu direito constitucional de permanecer em silêncio", confirmou o advogado. A estratégia legal será comparecer às próximas audiências, mas não responder a perguntas, completou.

Castillo surpreendeu ao comparecer ao interrogatório, já que sua defesa anunciou um dia antes que o presidente não iria, questionando a imparcialidade da acusação.

A audiência desta quinta-feira é referente a denúncias de irregularidades em promoções nas Forças Armadas, onde se investigam pagamentos em troca de ascensão na carreira.

O Ministério Público investiga o presidente de esquerda, no poder há 12 meses, por supostos crimes de tráfico de influência, organização criminosa e conluio qualificado em casos que envolvem seu entorno político e familiar.

Em outra audiência, em 27 de junho, Castillo falou por quatro horas. A estratégia mudou uma semana depois que um dos homens mais procurados do país, o ex-secretário da Presidência Bruno Pacheco, se entregou à Justiça.

Pacheco se apresentou após permanecer foragido por mais de 100 dias e, segundo a imprensa local, seus primeiros depoimentos implicaram o presidente peruano.

A legislação peruana não permite que um presidente vá a julgamento enquanto estiver no poder, mas não há impedimento sobre investigações contra ele. O mandato de Castillo, ex-professor rural de 52 anos, termina em julho de 2026.