Ode nos 80 anos do Caetano
Assim falou Décio Pignatari
(tão poeta concreto
que também assinava: Signatori)
nos anos da década de 1960:
“na geleia geral brasileira
alguém tem de assumir
a função de medula e osso”.
Caetano Veloso Medula e Osso.
Insone iconoclasta e ícone
armazém de tudo tudo tudo e zen
e nu
com sua música
sondando o inusitado
em movimento circuladô de fulô
do araçá azul quiçá moreno
no trem das cores
e na vertigem do cinema
transcendental:
parafernália
infernal
da tropicália
desse cara
odara doce bárbaro
joia rara
qualquer coisa que se sonhara
Caetano Veloso medula e osso
de um desespecialista convicto (disse alguém)
para quem a perfeição
é uma meta
na perspectiva do avesso do avesso do avesso
do avesso.
Caetano Veloso Medula e Osso
e mantendo a enteléquia ativa
no arco voltaico dos oitent’anos
(com apropriação de Haroldo de Campos,
poeta tão concreto).
Caetano Veloso infinitamente 80 anos!
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