Benefício de Prestação Continuada

Bolsonaro pede para banqueiros reduzirem juros sobre empréstimo consignado

Apelo foi feito durante discurso na sede da Federação Brasileira de Bancos

Jair Bolsonaro, presidente da República - Alan Santos/PR

Durante um evento na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, nesta segunda-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a banqueiros que reduzam a taxa de juros de empréstimos consignados para pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um tipo de pensão pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

Como mostrou O Globo, grandes bancos privados do país não querem embarcar na proposta, aprovada pelo Congresso e sancionada por Bolsonaro, de oferecer empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, multiplicando os recursos nas mãos das famílias às vésperas da eleição. A recusa do mercado vem após o governo lançar a iniciativa sem, por exemplo, colocar um limite à taxa de juros a ser cobrada.

Limitado ao salário mínimo e atualmente pago a 4,8 milhões de pessoas, o BPC é garantido a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixo poder aquisitivo.

— Eu faço um apelo para vocês agora. Vai entrar o pessoal do BPC no empréstimo consignado. Isso é garantia, desconto em folha. Se vocês puderem reduzir o máximo possível, que ainda estamos no final da turbulência — discursou Bolsonaro.

Após a divulgação da proposta do governo federal, um levantamento do Globo junto a instituições financeiras mostrou que o consignado já era oferecido com juros de até 78% ao ano. A saída em série dos grandes bancos mostra que há uma preocupação sobre a efetividade da medida e seu impacto na própria imagem das instituições, apontam especialistas ouvidos pelo Globo.

As preocupações das instituições financeiras são, principalmente, com o endividamento das pessoas em condição de vulnerabilidade social em um empréstimo que pode comprometer até 40% do valor-base do benefício (R$ 400).

No discurso desta segunda, Bolsonaro fez referência a um apelo que ele já tinha feito a donos de supermercado. Com a inflação longe da meta, o presidente e o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegaram a pedir, em junho, o apoio de empresários do setor para controlar o aumento de preços. Bolsonaro solicitou que eles tivessem o "menor lucro possível" sobre os alimentos da cesta básica, enquanto Guedes pediu uma "trégua de preços".

Na ocasião, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou que havia se reunido com Guedes naquela semana para pedir a isenção de impostos sobre a cesta básica. Também foi pedida ao ministro a desoneração da folha de pagamento do setor. Em troca, ouviram pedidos do governo para ajuda contra a inflação.

— Fiz uma videconferência com os donos de supermercados do Brasil. Apelei para eles: "dá para diminuir a margem de lucro do produto da cesta básica?" — disse Bolsonaro nesta segunda-feira.

O evento desta segunda contou com a presença de Guedes e de representantes de instituições e entidades financeiras como Febraban (Isaac Sidney, João Borges, Adauto Duarte, Leandro Vilain e Rubens Sardenberg), Bradesco (Octavio de Lazari e Luiz Carlos Trabuco), Banco do Brasil (Fausto Ribeiro), Itaú Unicanco (Milton Maluhy), Caixa Econômica Federal (Daniella Marques), Banco XP (José Berenguer) e Safra (Silvio de Carvalho). Os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações), os ex-ministros Tarcísio de Freitas e Marcos Pontes, hoje candidato e vice ao governo de São Paulo, e o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, também participaram.