Homenagem de Collins a Ciro Nogueira se dá após imbróglio no PP-PE sobre Senado
Proposta soa como gesto e não se dá à revelia da direção estadual
A primeira tentativa de votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 33/2022 se deu, inicialmente, já nesta segunda-feira (08), quando ele entrou na ordem do dia da Câmara de Vereadores do Recife. Mas havia exigência de três quintos dos votos favoráveis, o que equivale a 24 vereadores votando "sim" e, naquele dia, batera na trave: só alcançara 23.
Nesta terça-feira (09), então, voltou à pauta, em votação nominal, e acabou aprovado. A proposta, de autoria da vereadora Missionária Michele Collins, prevê a concessão da Medalha de Mérito José Mariano ao presidente nacional do Partido Progressistas, senador Ciro Nogueira. Michele e seu marido, o deputado estadual Cleiton Collins, têm relação afinada com o presidente estadual da sigla, deputado federal Eduardo da Fonte, o que afasta a possibilidade de o movimento pró-Ciro ter se dado à revelia ou sem a benção do dirigente estadual, a despeito de os Collins terem declarado, nesta terça também, apoio ao pré-candidato ao Governo do Estado, Miguel Coelho.
Em outras palavras, o gesto de Michele carrega a digital, naturalmente, do PP local e se dá logo após o partido ter formalizado, em ata enviada ao TRE-PE, no último sábado (06), o apoio à chapa completa da Frente Popular, o que inclui a candidata ao Senado pelo PT, Teresa Leitão. O detalhe é que o PP nacional vetara coligações do partido nos Estados com o PT. E o PP, em Pernambuco, em função disso, chegou a lançar a candidatura avulsa de Antônio Mário a senador, na última sexta (05), como alternativa para respeitar a demanda da direção nacional.
A intenção era evitar qualquer ruído que gerasse mal-estar. Mas essa via acabou inviabilizada por um imbróglio jurídico, detectado na última hora e capaz de prejudicar a candidatura de Danilo Cabral. Retirar a psotulação de Antônio Mário e apoiar Teresa Leitão não era exatamente o ideal para o PP-PE, mas foi a saída que restou nos 45 minutos do segundo tempo no sentido de manter a harmonia com o PSB.
Nas coxias, os socialistas já diziam desde a sexta-feira à noite, que, no limite, teriam que optar pelo PT e um rompimento com o PP não estava descartado ali. A homenagem de Michele Collins ao presidente nacional do PP, levada à ordem do dia dois dias depois desse impasse na composição com os socialistas, não deixa de ser um afago, que, proposto por ela, leva a assinatura da sigla, presidida por Eduardo da Fonte, e soa como um gesto quando as circunstâncias que se impuseram não foram as mais favoráveis no sentido de agradar a nacional.
Ala evangélica acena a Miguel
Cleiton Collins e Michele Collins tintegram a ala bolsonarista do PP, que tem autonomia, mediante carta assinada pelo próprio deputado Eduardo da Fonte, presidente da sigla no Estado, para atuarem. Diante dessa liberdade, os dois declararam, nesta terça-feira (09), voto em Miguel Coelho, candidato a governador do Estado, a despeito de o candidato formal do PP ser Danilo Cabral.
Contenção... > A ala bolsonarista do PP conta ainda, entre outros, com Clarissa Tércio e seu marido, Júnior Tércio. Detalhe: a filiação dos dois se deu em momento simbólico para o partido Progressistas, que vivenciava, ali, uma desidratação na sua bancada atribuído, na ocasião, à investida do PSB.
...de risco > Essa ala bolsonarista deve votar em Gilson Machado Neto para o Senado, mas não tem relação afinada com Anderson Ferreira, o que deve drenar votos para Miguel Coelho.