Tribunal chinês recusa recurso do primeiro caso do movimento #MeToo
Após três anos de batalha judicial, o tribunal de Pequim rejeitou em setembro de 2021 a denúncia, por falta de evidências. Nesta quarta (10), o tribunal anunciou ter rejeitado todos os pedidos de apelação
Um tribunal de Pequim rejeitou nesta quarta-feira (10) um recurso de apelação em um caso histórico de assédio sexual contra um apresentador de televisão, considerado o primeiro do movimento #MeToo na China.
Em 2018, Zhou Xiaoxuan, de 29 anos, acusou o conhecido apresentador Zhu Jun de beijá-la e acariciá-la à força quatro anos antes, quando ela era estagiária no canal público CCTV.
Após três anos de uma batalha judicial, o tribunal de Pequim rejeitou em setembro de 2021 a denúncia, por falta de evidências, mas a jovem tinha a opção de recorrer da sentença.
Nesta quarta-feira (10), o tribunal anunciou ter rejeitado todos os pedidos de apelação de Zhou e confirmou a sentença anterior", ao alegar falta de provas mais uma vez.
Na época, as acusações da jovem provocaram uma avalanche de depoimentos semelhantes nas redes sociais, parecidos com as denúncias do movimento #MeToo nos países ocidentais.
"Ainda me sinto um pouco assustada e deprimida", disse Zhou à AFP antes da audiência. "O primeiro processo foi como uma segunda ferida profunda", acrescenta a vítima.
O acusado, que não compareceu a nenhuma das audiências, denunciou a mulher por difamação, mas ela não teve notícias do caso.
Zhou Xiaoxuan, também conhecido pelo pseudônimo de Xianzi, solicita desculpas públicas e uma indenização por danos de 50 mil yuans (US$ 7.400).
A primeira audiência do caso, em dezembro de 2020, atraiu uma multidão incomum do lado de fora do tribunal. A polícia prendeu alguns repórteres estrangeiros, inclusive da AFP.
"A forma como meu caso aconteceu foi realmente difícil", disse Zhou Xiaoxuan. "Temo que outras vítimas tenham medo de defender seus direitos depois de ver o que vivi", ela acrescenta.
A denúncia inicial foi apresentada em nome de um ataque à integridade corporal, mas os advogados de Xianzi tentaram reformular com base na nova lei antiassédio votada em 2020.
Apesar da legislação, as mulheres chinesas têm receio de denunciar os casos de assédio e poucos acabam no tribunal.