Réu muda depoimento, admite ter jogado corpo em rio no Recife, mas nega haver matado manicure
Manicure Dione Gomes foi morta em janeiro do ano passado
O julgamento de Maurício Alves de Andrade, acusado de matar a manicure Dione Gomes e jogar o corpo da vítima no Rio Tejipió, no Recife, iniciou na manhã desta quarta-feira (10). Durante o interrogatório, conduzido pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques, o réu confessou que jogou o corpo da então companheira no rio, mas alegou que não teria sido o autor do assassinato. Crime ocoreu em janeiro do passado na capital pernambucana.
Na versão apresentada esta manhã por Maurício, três homens o teriam ameaçado na noite do crime e entrado na casa em que ele estava com Dione. Os homens o teriam atingido com um capacete e a mulher teria tentado defendê-lo, quando, então, ela teria sido atingida pelos golpes de faca.
Após a explicação do réu, o juiz afirmou que a versão apresentada nesta quarta-feira é diferente da que Maurício apresentou na primeira vez em que foi interrogado. Segundo o magistrado, no primeiro depoimento à Justiça, o réu afirmou que ele próprio havia esfaqueado acidentalmente a vítima, após terem uma discussão.
"A explicação que o senhor deu foi outra. O senhor disse que teve uma discussão, o senhor aumentou o tom de voz, ela foi pegar uma faca e o senhor pegou a faca dela e acabou ferindo-a", comentou o juiz, lembrando o que o réu havia relatado na primeira versão.
Segundo o réu, após os supostos homens terem esfaqueado Dione, ele teria saído em busca de socorro e levado a vítima de carro, com a ajuda de outra pessoa, à procura de um hospital.
Maurício contou que, ao chegar perto da Ponte Motocolombó, no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife, decidiu jogar o corpo da vítima no rio ao invés de socorrê-la para uma unidade hospitalar. "Quando chegou perto da ponte... eu fui, não tinha propósito de jogar o corpo dela, mandei ele [homem que dirigia o veículo] parar o carro. O desespero tomou conta de mim e aí eu peguei o corpo dela e joguei", disse Maurício.
O julgamento, que se realiza no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, na área central do Recife, tem o corpo de jurados é formado por seis mulheres e um homem. Não há previsão de depoimento de testemunhas.
Relembre o caso
No dia 3 de janeiro de 2021, Dione Gomes havia saído de casa, em Camaragibe, na Região Metropolirana do Recife, para se encontrar com o namorado, no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul da cidade.
A filha de Dione, Dayana Nascimento, contou, na época, que tentou falar com a mãe pelo celular um dia depois de ela ter ido para a casa do namorado, mas não conseguiu contato porque o telefone estava fora de área.
No dia 4 de janeiro, Dayana foi, então, à casa do companheiro da mãe e, ao chegar ao local, recebeu de parentes de Maurício a informação de que o homem teria jogado o corpo de Dione no rio Tejipió, pela ponte Motocolombó.
Os familiares de Dione acionaram o Corpo de Bombeiros, e as equipes encontraram o corpo da vítima no dia 5 de janeiro, distante cinco quilômetros de onde ela teria sido jogada pelo seu companheiro após ser vítima de feminicídio.