Resgate

Familiares aguardam a entrada de mergulhadores na mina com 10 mineiros presos no México

Trabalhadores ficaram presos após desabamento de uma mina no estado de Coahuila

Nos arredores da mina El Pinabete, no município de Agujita, estado de Coahuila, parentes dos mineiros aguardam o resgate - Julio Cesar Aguilar / AFP

Com mais cautela do que entusiasmo, familiares dos 10 mineiros que seguem presos há uma semana pela inundação em uma mina no norte do México aguardam nesta quarta-feira (10) a iminente entrada de equipes de resgate que tentarão levá-los de volta à superfície.

"Todos os socorristas estão com o equipamento para poder entrar a qualquer momento hoje", disse a coordenadora nacional da Defesa Civil, Laura Velázquez, durante a habitual coletiva de imprensa do presidente Andrés Manuel López Obrador.

Nos arredores da mina El Pinabete, no município de Agujita, estado de Coahuila, parentes dos mineiros ouviam em seus celulares a reunião que os representantes do governo tiveram com outros familiares que estão na zona de resgate.

De um telefone, uma voz de mulher explica que a água dos poços havia atingido um nível "ótimo" para os mergulhadores militares começarem a explorar e entrar.

"Vamos torcer para que agora seja pra valer. Todos os dias dizem a mesma coisa", declarou o cético Juan Orlando Mireles, que junto com dois irmãos aguarda o retorno com vida de seu pai, José Luis.

Há cinco dias, militares mexicanos ergueram um perímetro que mantém os jornalistas, mas também muitos familiares, separados da área de resgate. É pelo celular que "os de fora" acompanham os informes que ocorrem algumas vezes ao dia.

A partir desse ponto não se vê muita atividade. Apenas trabalhadores e soldados circulam ao redor dos muitos canos que extraem jatos de água dos poços onde ficaram presos os mineiros, cuja localização exata é desconhecida.

"Para agilizar o processo de extração de água, foi desenvolvida uma estratégia que permite aumentar a vazão através da perfuração de dez" furos, afirmou Velázquez na coletiva.

A mina onde ocorreu o incidente tem cerca de 60 metros de profundidade e está parcialmente cheia de água turva e elementos sólidos que até agora impediram a entrada de socorristas, segundo imagens gravadas com um drone aquático e divulgadas pela Defesa Civil.


Muita água acumulada

De acordo com o governo, na última quarta-feira, os mineiros agora presos abriram um buraco em uma mina adjacente que estava inundada, fazendo com que a água transbordasse para o local onde estavam.

Desde então, as autoridades têm se concentrado em baixar o nível da água para 1,5 metro para viabilizar o acesso.

Em uma região do México atingida por uma seca severa, a quantidade de líquido que vem sendo extraída há uma semana é surpreendente.

Mireles, mineiro como seu pai, explica que isso pode ter a ver com a proximidade do rio Sabinas e a existência da antiga mina Las Conchas, abandonada há mais de 30 anos, onde teria se acumulado a enorme quantidade de água que enchia esses precários poços de carvão.

Diferente dos "pocitos", um método artesanal que abre um buraco da superfície até alcançar o manto de carvão, minas industriais como Las Conchas têm longos túneis subterrâneos onde a água se acumularia, segundo Mireles.

Os trabalhadores costumam descer por essas cavidades que carecem de reforços em suas paredes, diferentemente das operações industriais.

Segundo o governador de Coahuila, Miguel Riquelme, a mina operada por uma empresa privada não tinha planos atualizados.

O Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação sobre mais este acidente de mineração, que não são raros na região.