EUA

Procurador-geral dos EUA diz ter aprovado busca na casa de Trump

FBI realizou buscas na casa do ex-presidente nesta semana; motivo da operação ainda não foi revelado

Secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland - Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, revelou, nesta quinta-feira (11), ter "aprovado pessoalmente" a busca realizada na casa de Donald Trump e condenou os "ataques infundados" ao FBI, após a ação sem precedentes contra um ex-presidente americano.

Garland, que também é procurador-geral, não explicou o motivo da operação, mas ressaltou que há uma "causa provável" e que pediu a um tribunal a publicação de documentos do caso.

"Eu pessoalmente aprovei a decisão de solicitar um mandado de busca neste assunto", disse Garland a repórteres. "O departamento não toma tal decisão de maneira leviana".

As buscas realizadas pelo FBI esta semana na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, desencadearam uma tempestade política num país já polarizado, no momento em que Trump cogita uma nova candidatura à Casa Branca.

Nomes de peso do Partido Republicano ofereceram apoio ao ex-presidente, que não estava na mansão quando ocorreu a operação. 

O ex-vice-presidente de Trump, Mike Pence, um possível adversário em 2024, expressou sua "profunda preocupação" e avaliou que a operação parecia motivada por "partidarismo". 

Garland, por sua vez, criticou os "ataques infundados ao profissionalismo dos agentes e promotores do FBI e do Departamento de Justiça", respectivamente. 

Desde que deixou o cargo, Trump manteve grande influência sobre o Partido Republicano e continua dizendo, sem apresentar provas, que venceu as eleições presidenciais de 2020. 

Trump também condenou a operação do FBI afirmando que a mesma foi politicamente motivada e representa o "uso" do Departamento de Justiça "como arma". "Nada assim jamais ocorreu antes a um presidente dos Estados Unidos", declarou.

Apenas dois dias depois da operação policial, Trump, de 76 anos, foi interrogado durante quatro horas no escritório da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga as práticas comerciais das Organizações Trump. 

A imprensa americana afirma que Trump invocou o seu direito a não responder preguntas mais de 400 vezes durante o depoimento sobre supostas fraudes nos negócios imobiliários de sua família. 

A procuradora-geral de Nova York suspeita que a Organização Trump superestimou o valor de propriedades imobiliárias ao solicitar empréstimos bancários, enquanto subestimava os valores desses mesmos imóveis às autoridades tributárias para pagar menos impostos. 

Trump disse que "não tinha outra opção" além de invocar a Quinta Emenda, que permite permanecer em silêncio durante um interrogatório.

"Me recusei a responder às perguntas em virtude dos direitos e prerrogativas outorgadas a todos os cidadãos pela Constituição dos Estados Unidos", informou o ex-presidente em comunicado publicado em sua rede social, Truth Social. 

Além disso, o ex-presidente tem outra frente aberta na Justiça por seus esforços para anular os resultados das eleições e pela invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, por seus simpatizantes.

Mais de 850 pessoas foram detidas por esse ataque ao Congresso, que começou após um discurso de Trump a seus partidários perto da Casa Branca, no qual ele mentiu ao afirmar que as eleições tinham sido "roubadas".

A Câmara dos Representantes o acusou de responsabilidade pelos distúrbios no Capitólio, por considerar que Trump incitou seus simpatizantes a realizarem uma insurreição, mas, posteriormente, ele acabou sendo absolvido pelo Senado.