Membro do grupo Estado Islâmico é condenado à prisão perpétua nos EUA
Ao proferir a sentença, o juiz federal T.S. Ellis disse que a conduta de Elsheikh "só pode ser descrita como horrível, bárbara, brutal, insensível e, logicamente, criminosa"
Um membro de uma célula do grupo Estado Islâmico (EI), conhecida como "Os Beatles", foi sentenciado à prisão perpétua nesta sexta-feira (19) por um tribunal nos Estados Unidos pela morte de quatro reféns americanos na Síria.
El Shafee Elsheikh, de 34 anos, recebeu oito sentenças simultâneas de prisão perpétua após ter sido condenado em abril por tomada de reféns, conspiração para assassinar cidadãos americanos e apoio a uma organização terrorista.
O tribunal de Alexandria, perto de Washington, julgou Elsheikh por seu envolvimento na morte dos jornalistas James Foley e Steven Sotloff, e dos trabalhadores humanitários Peter Kassig e Kayla Mueller.
Ao proferir a sentença, o juiz federal T.S. Ellis disse que a conduta de Elsheikh "só pode ser descrita como horrível, bárbara, brutal, insensível e, logicamente, criminosa".
O condenado não demonstrou nenhuma reação visível ao ouvir a sentença.
Diane Foley, mãe de James Foley, disse nesta sexta-feira em uma declaração ao tribunal, dirigindo-se a Elsheikh: "seus crimes cheios de ódio não venceram (...) Você foi responsabilizado por sua depravação".
"O amor é muito mais forte do que o ódio. Eu me compadeço de você por ter escolhido o ódio".
Elsheikh e outra ex-"Beatle", Alexanda Amon Kotey, foram capturados por uma milícia curda na Síria em janeiro de 2018 e entregues às forças americanas no Iraque.
Em 2020, foram levados aos Estados Unidos para serem julgados.
Kotey, de 38 anos, se declarou culpado em setembro de 2021 e foi condenado à prisão perpétua em abril.
Outro suposto "Beatle", Aine Davis, de 38 anos, foi deportado da Turquia para o Reino Unido e se encontra em prisão preventiva por acusações de terrorismo.
O quarto "Beatle", o carrasco Mohammed Emwazi, foi morto em um ataque americano com drones na Síria em 2015.
Os sequestradores, que cresceram e se radicalizaram em Londres, foram apelidados de "Beatles" por seus reféns devido ao sotaque britânico.
Ativos na Síria entre 2012 e 2015, são acusados de sequestrar mais de duas dezenas de jornalistas e trabalhadores humanitários dos Estados Unidos e outros países.
Dez ex-reféns europeus e sírios testemunharam no julgamento de Elsheikh, acusando os "Beatles" de meses de tratamento brutal que incluía surras, descargas elétricas, afogamento e simulações de execução.
Foley, Sotloff e Kassig foram decapitados por Emwazi, e o EI publicou vídeos de suas mortes com fins de propaganda.