"Mar do Sertão": Pernambuco e Alagoas são destaques na nova novela das seis, na Globo
"Mar do Sertão" estreia nesta segunda (22) e pretende reproduzir clima e atmosfera de fábula em enredo e cenários
O horário das seis tem uma tradição de tramas românticas e lúdicas. “Mar do Sertão” segue à risca a tendência da faixa de programação. A novela, que estreia nesta segunda-feira (22), pretende reproduzir um clima e uma atmosfera de fábula não só em seu enredo, mas também nos cenários.
Com cenas gravadas em Pernambuco e Alagoas, a produção traz uma aura solar e colorida para o horário que antecede a segunda edição dos jornais locais.
“É um projeto cheio de brilho e de vivacidade. A novela tem a luz do sol do sertão, mas jamais é uma luz cegante que impede a passagem, e sim uma luz que ilumina o caminho e que aumenta a nossa sensibilidade. Eu espero que o público se divirta e se emocione, mas também aprenda a jamais desistir. Essa novela conta a história de temperamentos absolutamente indômitos, de pessoas que sempre superam as dificuldades que enfrentam e que sabem usar essas dificuldades como forma de crescimento”, explica o autor Mario Teixeira.
A pequena Canta Pedra, cidade fictícia do folhetim, irá abrigar a história de amor entre Candoca e Zé Paulino, interpretados por Isadora Cruz e Sergio Guizé. De casamento marcado, o casal terá de lidar com uma sequência de adversidades. O Coronel Tertúlio, papel de José de Abreu, – dono da Fazenda Palmeiral – dá ordem para que Zé Paulino leve um cavalo até uma outra cidade justamente na data em que a cerimônia está marcada. Enquanto isso, Tertulinho, de Renato Góes, retorna a Canta Pedra depois de uma longa temporada na capital. Ao reencontrar Candoca, o encantamento dele é imediato.
E, mesmo quando fica sabendo que a jovem é noiva de Zé Paulino, Tertulinho ainda tenta dar suas investidas. “Ao mesmo tempo em que estamos contando uma história de amor, temos temas como a preservação do meio ambiente, a concentração de poder na mão de poucos, a força feminina, entre outros. É bonito ver a trajetória de alguns personagens fazendo de tudo para salvar aquela terra que é tão importante para eles”, defende Guizé.
Após um grave acidente, Zé Paulino é dado como morto, mas Tertulinho consegue se salvar. Quando dez anos se passam e Zé Paulino retorna mais vivo do que nunca a Canta Pedra, a vida de todos os moradores da pacata cidade será afetada, principalmente, a de Candoca. Os dois ficarão entre o dilema de viver o que sentem ou deixar que a mágoa fale mais alto. Zé Paulino ainda estará tomado pela vontade de fazer justiça e mudar a configuração de poder da região.
“Candoca começa na primeira fase da novela como professora, uma profissão tão honorável que prepara os jovens, o futuro de um país, e na segunda fase da novela, vira médica, que literalmente salva vidas o tempo inteiro. Sua narrativa não depende dos homens, ela trilha sua própria história. Ela é uma mulher de ação, que não pensa nem pondera muito, só faz, só sente e age – às vezes até por puro impulso e, por isso, vive em constante movimento e transformação”, afirma Isadora, que faz sua estreia no posto de protagonista.
Após as gravações em Pernambuco e Alagoas, a equipe de cenografia da novela trabalhou para reproduzir as locações nos suntuosos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. Apesar da licença poética, os profissionais queriam seguir uma lógica real na criação dos cenários.
“Absorvemos bastante tudo o que vimos durante a nossa viagem ao Nordeste. Nossa história é uma fábula, o que nos dá certa liberdade de criação, mas não queríamos perder as características da cultura nordestina. Fomos no Recife e em Olinda, em mercados e ateliês, em busca de material e ficamos prestando atenção aos detalhes e aos costumes, em como funciona aquele universo”, ressalta Flávia Cristófaro, responsável pela produção de arte da novela.
A viagem inicial de trabalho, inclusive, rendeu uma série de referências para a equipe da novela. “Trouxemos amostras de terra para termos como referência na construção dos nossos cenários”, aponta o cenógrafo Paulo Renato.
Vida vilã
A vilania estará infiltrada sutilmente na trama de “Mar do Sertão”. Longe de criar antagonistas maniqueístas, o autor quer mostrar como a vilania e a maldade está perpetrada nas mais diversas camadas da sociedade. “Nossa novela tem vilões típicos do folhetim, como o prefeito que quer se perpetuar no poder a qualquer preço. É uma história com personagens de moral muito dúbia, mas, ao mesmo tempo, são vilões humanizados pela dureza da realidade da região em que vivem”, explica o autor.
Em pleno ano eleitoral, Mario também traz para o centro do debate vespertino a controversa e lendária figura do coronel. “Importante não esquecer o Coronel Tertúlio, que guarda esse título anacrônico, símbolo do poder ancestral dos latifundiários da região. Mesmo amando a terra que o enriqueceu, ele não hesita em cometer atrocidades para se manter no poder. A sua esposa Deodora (Débora Bloch), também é uma personagem dúbia que se revelará no decorrer da trama”, aponta.
Quem é quem?
Núcleo família Candoca
Candoca (Isadora Cruz) é forte como a mãe, Dodoca (Cyria Coentro). A jovem luta por aquilo que acredita. É professora em Canta Pedra e sonha tornar-se médica. No início da trama, está noiva de Zé Paulino (Sérgio Guizé), seu grande amor.
Quando o rapaz é dado como morto, aproxima-se de Tertulinho (Renato Góes) – após enorme esforço do rapaz. Dona do próprio destino, Candoca enfrenta as dificuldades que a vida lhe impõe com maturidade, mas sem nunca perder a graça e o bom humor. É grande amiga de Lorena (Mariana Sena) e Labibe (Theresa Fonseca).
Núcleo Fazenda Palmeiral
Vaqueiro da Fazenda Palmeiral, Zé Paulino é um rapaz honesto e corajoso, que vive para o trabalho e para Candoca, seu grande amor. Mora com o pai, por quem tem adoração. Zé Paulino também é muito leal ao patrão, Coronel Tertúlio (José de Abreu), dono da fazenda. Pouco antes do dia do casamento com Candoca, sofre um acidente e é dado como morto.
A sua suposta morte abre caminho para Tertulinho ganhar o coração de Candora. Mulherengo, ele só quer saber de boa-vida às custas do pai Tertúlio. No início da história, volta para Canta Pedra após uma temporada na capital, supostamente estudando, e apaixona-se perdidamente por Candoca (Isadora Cruz). Tertulinho também contará com a proteção e zelo Deodora (Déborah Bloch). Mulher bonita, racional e prática, ela faz de tudo para proteger o filho e para manter o status da família.
Núcleo Timbó
Timbó (Enrique Diaz) é um sobrevivente da seca, da vida agreste a que o povo da região está condenado há gerações. É casado com Tereza (Clarissa Pinheiro) e amigo de Candoca (Isadora Cruz) e de Zé Paulino (Sérgio Guizé), por quem tem grande admiração. Apesar de todas as dificuldades, é esperto, leva a vida com bom humor, criatividade e até um pouco de malandragem. Analfabeto, mas com grande vivacidade de espírito.
Núcleo Canta Pedra
A pequena cidade é comandada pelo prefeito Sabá Bodó (Welder Rodrigues). Ambicioso e mau caráter, ele só pensa em dinheiro e se perpetuar no poder. Para isso usará a própria filha, que, depois de sua prisão, se elegerá prefeita. Além de Sabá Bodó, a cidade de Canta Pedra conta com os duvidosos serviços de Eudoro Cidão (Érico Brás).
Jornalista, ele está sempre ao lado de quem paga mais. Além de publicar o jornal local, a “Gazeta de Canta Pedra”, sua gráfica imprime o Diário Oficial da cidade, e ele não quer perder essa vantagem. Os simples moradores de Canta Pedra também sofrem nas mãos de Vespertino (Thardelly Lima), agiota e oportunista. Como fachada para seus negócios escusos, mantém uma casa de câmbio na cidade.
O agiota conta com a proteção de Pajeú (Caio Blat), pistoleiro sério e ameaçador, porém muito religioso, devoto do Padre Cícero e dos santos do dia.