Saúde

A vacina contra chikungunya é segura? Quais os benefícios? Cientista explica estudo com imunizante

Virologista do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE), Rafael Dhalia reforça importância da vacinação para combate à doença.

Rafael Dhalia, virologista e pesquisador da Fiocruz - Rafael Furtado/Arquivo Folha de Pernambuco

Pesquisador do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) e membro da Academia Pernambucana de Ciências (APC), o virologista Rafael Dhalia integra a coordenação dos estudos com a nova vacina contra a chikungunya. Em entrevista, o cientista detalha os benefícios do imunizante e reforça a importância da vacinação para a saúde pública.

Os resultados do estudo feito nos Estados Unidos são bastante animadores. Qual o significado deles?
O estudo foi feito com 4.115 adultos, a partir dos 18 anos, e foi avaliada a proporção desses indivíduos de desenvolver anticorpos protetores contra a chikungunya 28 dias depois da vacinação. Com relação a efeitos adversos, ela tem como qualquer outra vacina, mas o que foi visto lá é que esses efeitos foram de leves a moderados. Não teve nenhum caso grave. E esses efeitos acabavam entre dois e três dias, sem nenhuma sequela. E ela também foi avaliada em idosos. Segura, ela é.

Com relação à eficácia, foi visto que 98,5% dos vacinados apresentaram anticorpos protetores contra a doença. Ou seja, é uma vacina que estimula fortemente o sistema imunológico. E foi visto que 29 dias depois da vacinação houve um aumento em 64 vezes a quantidade de anticorpos protetores. Ou seja, é uma vacina segura e eficaz. Dos 4.115 voluntários, 3.082 receberam a vacina enquanto os outros 1.033 tomaram placebo. Apenas três indivíduos dos mais de 3 mil que tomaram a vacina não apresentaram resposta imunológica.

A vacina testada agora nos adolescentes é a mesma aplicada nos adultos?
Sim. É uma dose única. Os resultados foram muito bons em adultos, e nós queremos saber se esses resultados se reproduzem na faixa etária de adolescentes. E até esperamos que sejam melhores, porque o estado imunológico de um adolescente é melhor do que o nosso. Outra diferença em relação ao estudo dos EUA é que lá eles avaliaram os voluntários por até seis meses depois da vacinação. Aqui vai ser um ano. São dez centros em todo o Brasil e a ideia é recrutar 750 voluntários.

Caso os resultados sejam positivos, em quanto tempo devemos ter essa vacina disponível no sistema de saúde?
Estamos começando o estudo agora. Depois que for vacinado o último dos 750 adolescentes, vamos contar um ano. A expectativa que temos é que a vacina seja aprovada para liberação em 2025. Inclusive, já há um pedido de vacinação em massa ao FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) para a população adulta. Pode até ser que, no Brasil, saia primeiro para adultos e, para os adolescentes, só sair depois dos resultados desse estudo que estamos fazendo. Isso é possível.