Economia chinesa

Em meio à crise imobiliária, China terá US$ 29 bi em crédito para retomada da construção de imóveis

É o maior compromisso já anunciado pelo governo para sanar a turbulência no setor. Pequim também corta juros de empréstimo habitacional

Moeda chinesa - reprodução/vídeo

A China oferecerá 200 bilhões de yuans (US$ 29,3 bilhões) em empréstimos especiais para garantir que projetos habitacionais paralisados em meio à crise do setor sejam entregues aos compradores, disseram fontes familiarizadas com o assunto.

O tamanho do programa, que não foi informado na sexta-feira (19) quando o plano foi anunciado com poucos detalhes, representa o maior compromisso financeiro de Pequim até agora para conter a crise imobiliária, que teve o auge com a crise do grupo Evergrande, que levou os preços de imóveis a caírem e as vendas a despencarem.

Centenas de milhares de chineses de classe média ficaram no limbo depois de fazerem pagamentos iniciais e financiarem imóveis que construtoras sem dinheiro agora lutam para concluir. Alguns mutuários começaram a boicotar os pagamentos de prestações, uma ameaça à estabilidade social em um período politicamente sensível de transição da liderança do Partido Comunista no fim deste ano.

O Banco Popular da China e o ministério das Finanças disponibilizarão os recursos através de credores como o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Desenvolvimento Agrícola da China, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas. Os empréstimos especiais serão usados apenas em imóveis que já foram vendidos, mas ainda não foram concluídos.

O Banco Popular da China, o ministério das Finanças e o ministério da Habitação não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

“Vemos a introdução do financiamento de resgate pelo governo central como o primeiro desenvolvimento significativamente positivo nas últimas cinco a seis semanas”, disseram Jizhou Dong e Stella Guo, analistas da Nomura, em nota no domingo.

Eles estimavam que o financiamento precisaria atingir pelo menos 200 bilhões a 300 bilhões de yuans para ser eficaz.

Nova redução de juros

Instados a aumentar empréstimos para apoiar a economia do país, os bancos chineses reduziram os juros de referência pela segunda vez desde 20 de maio. Isso ocorreu depois que o banco central na semana passada baixou inesperadamente sua taxa básica para apoiar o crescimento.

A prime rate do crédito a cinco anos, referência para o crédito à habitação, foi reduzida em 15 pontos base para 4,3% após ter sido reduzida na mesma magnitude em maio.

O Banco Popular da China também cortou sua taxa básica de empréstimo de um ano na segunda-feira, reduzindo-a em cinco pontos base abaixo do esperado, para 3,65%, a primeira queda desde janeiro.

Os cortes de juros foram as mais recentes de uma série de medidas destinadas a ajudar o setor imobiliário, com uma crise de liquidez que exacerba a desaceleração da segunda maior economia do mundo. A China não deve alcançar sua meta de crescimento de cerca de 5,5% este ano, e o desemprego juvenil está em um patamar recorde de 20%.