CULTURA

Conheça Jonathan Ferr, pianista afrofuturista carioca que está ressignificando o jazz

Artista participa, neste sábado (27) do Festival Panela do Jazz, em Recife

Jonathan Ferr - Foto: Renan Oliveira

Se ao ouvir falar em jazz e piano você automaticamente pensa em músicos de figurinos clássicos e cores sóbrias, pode esquecer essa persona. E ninguém melhor para acabar com essa imagem pré-concebida do que o pianista brasileiro - e carioca - Jonathan Ferr. Ele foi o convidado desta terça-feira (23) do Programa Folha na Tarde, âncorado por Patrícia Breda e veiculado pela Rádio Folha 96,7 FM.

Jonathan participa, neste sábado (27), às 19h, do Festival Panela do Jazz, no Jardim do piso L2 do Plaza Shopping, em Casa Forte. O acesso ao evento é gratuito. Apesar de ter participado do Festival de Inverno de Garanhuns em 2019, Jonathan considera esta a primeira vez dele em Recife. Quando questionado sobre a opinião dele em relação à origem do jazz, tão forte e popular no começo e hoje ser considerado um ritmo erudito, Ferr diz que o jazz nasce como um ritmo popular, assim como um samba nasce no Brasil.

“Eu acho que não tem problema nenhum com a coisa erudita, o eruditismo tem o lugar das camadas, de buscar um acerto mais refinado em várias coisas, porém, ele se afasta do público“, conta.

Jonathan é um artista completo. Pode-se dizer, com certeza, que o objetivo dele é a democratização do gênero musical instrumental, apresentando o jazz como acessível a todas as camadas sociais, longe dos estereótipos eruditos. Nascido e criado em Madureira, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro que é considerado o berço do samba, Jonathan conta que sempre quando ia assistir ou tocar jazz ele notava que os locais eram espaços reclusos e exclusivos para a elite, com ingressos de valores caros.

“eu comecei a trazer uma bandeira na minha música, de que o meu jazz nasce para ser popular. Eu acredito muito que o jazz é pra todos e todo mundo se conectar porque é uma música muito poderosa e que traz o lugar de autoconhecimento. Fazer música, pra mim, é promover um mergulho profundo pra dentro de nós mesmos”, explica.

A música de Jonathan Ferr é um braço do gênero musical com uma pegada mais pop, que mistura elementos de hip hop, R&B e outros ritmos, resultado em um jazz mais urbano e popular-, e é considerado um dos maiores nomes do jazz  contemporâneo nacional, já tendo se apresentado em alguns dos principais festivais e casas  de jazz ao redor do mundo. 

Música-medicina
O álbum "Cura" chegou ainda com uma proposta de música-medicina, bastante inspirado pelo momento da pandemia de Covid-19, e que ainda estamos vivendo. Com nove faixas, além de Ferr no piano, o disco conta com poucas - mas incríveis - participações especiais: a filósofa Viviane Mosé, o ator e cantor Serjão Loroza na faixa "Esperança".  


Lembrando de como foi a experiência envolvendo a pandemia, Ferr explicou que uando lançou “Cura” aquelas músicas trabalhavam como sua própria cura.

“Era a minha música-medicina. Era a forma como eu me curava durante a pandemia. E cada música me trazia reflexões, pensamentos e insights totalmente diferentes e novos, como se eu estivesse conversando com o mundo espiritual/astral através da linguagem do som”, conclui.

Novos trabalhos
Para 2022, o artista - que está confirmado no lineup do festival Primavera Sound (SP), em outubro - prepara o lançamento de seu novo álbum, “Liberdade”.

O projeto completo tem previsão de lançamento ainda para o segundo semestre de 2022, e será precedido pelo single “Lá Fora” - que, por sua vez, foi criado a partir do sample da faixa “Chuva”, presente no álbum “Cura”. Totalizando nove faixas e tendo como participações especiais nomes de destaque da nova geração da música urbana nacional - como Coruja BC, Zudzilla e Kaê Guajajara -, em “Liberdade” o artista se propõe a quebrar as fronteiras entre o jazz, R&B e Hip-Hop e promete seguir rompendo com estereótipos em torno da música instrumental e levar a obra de Jonathan Ferr cada vez mais em direção ao cenário mainstream.