Tiktoker médica que chegou a pesar 30 kg conta como superou anorexia: "eu queria ser modelo"
Sucesso na internet, a australiana Sarah Rev chegou a parar de menstruar; hoje com 24 anos, ela usa a influência nas redes para ajudar pessoas que passam pela mesma situação
Quando a australiana Sarah Rev tinha apenas 13 anos, o interesse por postagens de moda em uma rede social abriu portas para o que viria a ser uma obsessão pelo "corpo perfeito". O que parecia ser um entusiasmo genuíno virou um distúrbio alimentar que fez com que a jovem quase morresse aos 19 anos. No auge da batalha contra a anorexia, ela chegou a pesar 30 kg e a parar de menstruar.
"Eu estava muito focada em moda, passarelas e revistas. Queria ser modelo, mas não parecia com uma", disse Sarah. "Até que, uma vez, eu acabei desmaiando na aula. Os meus amigos me levaram ao médico, e ele disse que eu estava sendo estúpida e vaidosa".
Hoje com 24 anos, Sarah é uma jovem médica e usa o TikTok para apoiar outras pessoas que passam pelo transtorno. Com mais de 1 milhão de seguidores nas redes, ela relembra que, em um primeiro momento, a ideia de perder peso fez com que ela mudasse os hábitos alimentares, mas a falta de comida a tornava infeliz. Foi quando decidiu aumentar a prática de exercícios físicos — um hábito que também se mostrou destrutivo.
"O meu desejo de ser saudável acabou se tornando patológico. Eu fiquei fora de controle, pensava que deveria correr 18 quilômetros ou então estaria falhando", afirma Sarah, que, naquela fase, corria até os pés começarem a sangrar.
Na época, ela era conhecida como uma pessoa "em forma" no Instagram, mas, durante a faculdade de medicina, a doença se agravou. O objetivo era ser mais rigorosa com a ingestão de calorias e aumentar o tempo em que praticava exercícios, chegando a correr por três horas seguidas. Um dia, porém, um professor disse que ela só poderia continuar nas aulas se fosse ao médico.
Ao subir na balança em um consultório, o profissional disse que ela precisava ir ao pronto-socorro o mais breve possível. Ela então revelou que comia apenas 300 ou 400 calorias por dia. No café da manhã, os alimentos eram restritos a um iogurte sem gordura e sem adição de açúcar. O almoço era uma barra de proteína e o jantar se limitava a vegetais com baixo teor calórico.
No hospital, ela ficou internada por uma semana e foi oficialmente diagnosticada com anorexia nervosa. Sarah foi colocada em um programa de recuperação e não tinha permissão para se mover — para ir ao banheiro, por exemplo, ela deveria usar uma cadeira de rodas. Além disso, também precisou comer alimentos que não ingeria há muito tempo, como massas e fast-foods.
"Não se tratava mais de perder peso ou querer ter uma certa aparência. Era sobre querer controlar as coisas e me esforçar para ser melhor, ou o que eu achava que seria o melhor", disse Sarah, que se sentia permanentemente cansada e tinha dores nos ossos. "É difícil para alguém com uma doença mental aceitar que tem uma patologia".
Mas ela comeu tudo o que recomendaram, e o incentivo era o retorno à faculdade de medicina. Hoje, ela diz estar ciente de como as mídias sociais podem ser tóxicas para algumas pessoas e usa a influência que ganhou na internet para divulgar a gravidade da doença e o processo de recuperação.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 4,7% da população brasileira sofre de transtornos alimentares. Entre os adolescentes, o índice chega a espantosos 10%. A incidência é maior entre o público feminino, com sete a oito mulheres para cada homem diagnosticado com quadros como os de bulimia, anorexia, transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE) e compulsão.