Náutico

"Ele pediu pra eu cair", revelou Jean Carlos sobre bate-boca com Elano na derrota contra o Vila Nova

Camisa 10 contou sua versão da desavença com o ex-treinador do Náutico e sobre ter ficado no banco contra o Guarani

Jean Carlos, meia do Náutico - Tiago Caldas/CNC

As horas finais de Elano no Náutico ficaram marcadas por controvérsias. A quinta derrota do técnico em seis jogos à frente do Timbu, contra o então lanterna da competição, ainda expôs problemas nos bastidores da equipe com o bate-boca entre o então comandante alvirrubro e o camisa 10, Jean Carlos, dentro de campo.

Na ocasião, o meia caiu em campo durante lance que acabou em um dos gols do Vila Nova. Ao se levantar, ouviu as cobranças de Elano na beira do gramado, se esquentou, e reagiu, gritando contra o técnico e precisando ser segurado por jogadores da equipe adversária, e acalmado por colegas de elenco, enquanto a torcida entoava ofensas e cobranças tanto para o atleta, quanto para o treinador. Em coletiva de imprensa concedida nesta quarta-feira (24), Jean Carlos contou sua versão do ocorrido.

“Estou aqui há três anos, nunca tive problema com ninguém, seja com treinador, pessoas do clube. Sou um jogador que, se você puxar o histórico, acho que não sai nenhum jogo de maca, não gosto, não tenho paciência de ficar ali no chão. Com uns 30 minutos (do segundo tempo), olhei pro banco e pedi pra sair, estava esgotado, e ele olhou pra mim e pediu pra eu cair. Mas eu não queria cair. Respeitando a decisão do treinador e pelo fato de não ter ninguém preparado para entrar, entendi que precisavam do momento para procurar alguém para entrar no meu lugar. Então foi um pedido dele, eu atendi, eu caí. Infelizmente, saiu a jogada pela direita e tomamos o gol, e quando olhei pra beira do campo, ele teve aquela reação pra cima de mim”, explicou o camisa 10.

“No primeiro momento, não entendi o motivo. A hora que eu vi que era comigo, eu fiquei bolado. Estou fazendo algo que você me pediu, por respeito a você, algo que eu não gosto de fazer, e você ter essa reação na beira do campo, jogando a responsabilidade pra mim? O que não tem problema nenhum se fosse qualquer outro momento, eu ia baixar a cabeça e aceitar. Uso como exemplo mais cobrança que a gente tinha no passado com Hélio dos Anjos, e nunca tivemos problema nenhum. O motivo da minha reação foi por ele ter pedido pra eu cair, e logo depois de tomarmos o gol, ele teve aquela reação comigo. Por isso que eu agi daquela maneira. Não o ofendi, simplesmente falei ‘foi você que pediu pra eu cair, e a gente toma o gol e você tem essa reação comigo?’. Depois, não tive contato com Elano”, revelou.

Questionado sobre a discussão na coletiva de imprensa após a partida, Elano minimizou o desentendimento e responsabilizou novamente o jogador, dizendo que ele não teria aceitado a cobrança pela falta de participação no lance que rendeu um dos gols do Vila Nova. A versão do ex-técnico do Náutico chateou Jean Carlos, que esperava mais transparência, e se viu alvo de críticas que considerava injustas.

“Vi a entrevista dele, fiquei um pouco chateado porque ele poderia ter explicado o que aconteceu, e alí deu a entender que ele teve uma cobrança de treinador e eu não aceitei. Não foi isso que aconteceu. Sempre respeitei a cobrança e vou continuar respeitando, é a hierarquia. Não tive oportunidade de falar com ele, fui saber no domingo da demissão dele. Ficou alí um desentendimento, as pessoas acharam que o Jean não aceita a cobrança no momento que o clube está, mas não é isso”, disse.

As desavenças entre Elano e Jean Carlos, no entanto, não foram exclusivas da derrota contra o Vila Nova na última sexta-feira (19). Mesmo com ambos deixando claro a boa relação que tinham fora de campo, problemas nos bastidores já eram sentidos quando o então treinador optou por deixar o camisa 10 no banco na partida contra o Guarani, seguindo a formação da vitória contra o CRB, quando o meia foi desfalque.

“Foi uma decisão dele contra o Guarani, eu não sabia, para ser bem sincero. Já imaginava, mas quando cheguei no vestiário que fui saber que não ia entrar jogando. Não aceitei, óbvio, mas respeitei, é isso que procurei sempre fazer. No momento que você aceitar ficar no banco, tem que pegar suas coisas e pedir pra ir embora, estamos brigando sempre pra estar jogando. Respeitei, no outro dia conversei com ele numa boa. Nunca tive problema com Elano, respeitei a decisão dele, e para ser bem sincero, até agora não entendi o que aconteceu na sexta-feira, o motivo dele ter agido daquela maneira comigo”, contou.