Cansado de eventos culturais on-line, brasileiro ainda não voltou ao presencial, diz pesquisa

Levantamento aponta que apenas 26% dos entrevistados foram ao cinema nos últimos 12 meses, contra 59% nos tempos pré-pandemia

Cinema na pandemia de Covid-19 - Divulgação/Cinépolis

Os brasileiros já se cansaram de programas culturais on-line, mas ainda não voltaram de vez aos eventos presenciais. Essa é a conclusão da terceira edição da pesquisa “Hábitos culturais”, realizada pelo Datafolha e pelo Itaú Cultural, divulgada nesta quinta-feira (25). O levantamento ouviu 2.240 pessoas, de 16 a 65 anos, em todas as regiões do país, para mapear a participação dos brasileiros em atividades culturais durante a pandemia.

Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados preferem eventos presenciais — 10% a mais do que no ano passado. Apenas 19% tendem a optar por programas virtuais (eram 32% em 2021). As razões da preferência pelo presencial são várias: oportunidade de socialização (30%), “maior credibilidade das apresentações” (16%), “maior emoção” (13%), facilidade para prestar atenção (12%) e vontade de descansar das telas (7%). Já os adeptos da vida cultural on-line citam o desejo de evitar longos deslocamentos (16%), aglomerações (12%) e gastos (7%).

Apesar da ampla preferência pelo presencial, apenas 26% dos brasileiros voltaram a frequentar a vida cultural com a mesma intensidade pré-pandemia. Dos entrevistados, 26% haviam ido ao cinema no último ano contra 59% nos tempos pré-Covid.

A assiduidade a apresentações teatrais, musicais e de dança também caiu: de 39% para 18%. Também diminuiu a frequência de atividades culturais não presenciais como ver filmes e séries (de 75% em 2021 para 70% este ano), leitura de livros digitais (de 35% para 30%). No entanto, a audiência de podcasts aumentou: de 32% no período anterior à pandemia a 42% nos últimos 12 meses.

A pesquisa também mostrou que os brasileiros gastam, em média, R$ 178 por mês em eventos culturais presenciais e R$ 128,38 em atividades on-line. Os gastos com cultura presencial são maiores na região Sul (R$ 189,06), que é seguida por Sudeste (R$ 183,43), Norte e Centro-Oeste (R$ 179,11) e Nordeste (R$ 160,48). Nas regiões metropolitanas, o gasto médio mensal é de R$ 182,50.

Estado psíquico
O levantamento também investigou o estado psíquico dos brasileiros. Este ano, 49% dos entrevistados relataram problemas de saúde mental em casa, contra 36% no ano passado. A satisfação com a vida, no entanto, aumentou de 74% para 78%.

Para 48% dos entrevistados, a participação em atividades culturais on-line contribuiu para elevar a qualidade de vida (eram 44% em 2021). Já 53% relataram diminuição da ansiedade (48% no ano passado).