Lula admite corrupção na Petrobras e promete estabilidade na economia caso vença eleição
Candidato citou criação de vários mecanismos de acesso à informação e órgãos de investigação durante seu governo como mostras de seu suposto compromisso contra a corrupção
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva tentou limpar o estigma de corrupção que cerca o Partido dos Trabalhadores (PT) ao admitir casos na Petrobras durante seus mandatos e prometeu investigar todo desvio se vencer a eleição de outubro, em entrevista ao Jornal Nacional, na quinta-feira (25).
"Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram" os crimes, afirmou Lula ao Jornal Nacional, que na segunda-feira (22) entrevistou o presidente Jair Bolsonaro no âmbito do início da campanha eleitoral.
Embora já esperasse perguntas sobre corrupção, Lula, favorito nas pesquisas para ganhar a eleição presidencial em outubro, começou a entrevista visivelmente agitado, lendo anotações para apoiar sua resposta sobre corrupção.
"Estou tendo a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada", declarou o ex-presidente petista.
Lula criticou duramente a operação Lava Jato, iniciada em 2016 para investigar os desvios em contratos da Petrobras, por, em suas palavras, "ultrapassar o limite da investigação e entrar no limite da política" com o propósito de condená-lo.
O ex-presidente ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019, após ser condenado por corrupção. Recuperou seus direitos políticos em 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou suas condenações por considerar que a Justiça Federal do Paraná era incompetente para julgar as ações.
Aos 76 anos, Lula lidera a disputa presidencial com 47% das intenções de voto, contra 32% para Bolsonaro, de 67 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha publicada na última quinta-feira.
Durante a entrevista, Lula criticou duramente Bolsonaro, que chamou de "bobo da corte" pela dependência que o presidente tem do Centrão no Congresso.
O petista elogiou o companheiro de chapa, o ex-governador tucano de São Paulo Geraldo Alckmin, seu adversário nas eleições presidenciais de 2006.
A chapa com Alckmin permitirá "uma maior estabilidade na economia" e uma "credibilidade interna e externa", segundo Lula, que não especificou as medidas que colocará em prática caso for eleito.
Lula também afirmou que a polarização é "saudável" e "diferente do estímulo ao ódio", ao mesmo tempo em que reafirmou o desejo de "pacificar" o país após o primeiro mandato de Bolsonaro, marcado pelas fortes tensões entre seus apoiadores e opositores.
Lula citou a criação de vários mecanismos de acesso à informação e órgãos de investigação durante seu governo como mostras de seu suposto compromisso contra a corrupção.
A equipe de fact-checking da AFP constatou que um dos órgãos citado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), foi criado pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.