900 mortes

Paquistão decreta estado de emergência por chuvas de monção excepcionalmente intensas

Mais de 33 milhões de pessoas foram afetadas, segundo o gabinete do primeiro-ministro paquistanês

Enchentes no Paquistão causam destruição e mortes - Abdul Majeed/AFP

O Paquistão declarou estado de emergência devido às chuvas de monção excepcionalmente intensas que causaram 900 mortes desde junho e afetaram mais de 30 milhões de pessoas. 

Das 900 mortes, 34 foram registradas entre a quinta (25) e a sexta-feira (26). As chuvas de monção começaram em junho, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres (NDMA). 

Mais de 33 milhões de pessoas foram afetadas, segundo o gabinete do primeiro-ministro paquistanês. 

Cerca de 220.000 casas foram totalmente destruídas e 500.000 severamente danificadas, de acordo com a NDMA.

A monção, que geralmente dura de junho a setembro, é essencial para irrigar as plantações e reabastecer os recursos hídricos do subcontinente indiano. Mas também traz destruição. 

Em Sukkur, na província particularmente afetada de Sindh (sul), os habitantes tentam abrir caminho pelas ruas lamacentas, cheias de detritos arrastados pela chuva. "Nunca na minha vida vi tanta inundação", disse Rahim Bakhsh Brohi, um agricultor, à AFP. 

Segundo as autoridades, estas condições meteorológicas são comparáveis às de 2010, um ano recorde em que cerca de 2.000 pessoas morreram e um quinto do país ficou submerso pelas águas. 

O Paquistão é particularmente vulnerável às mudanças climáticas. Ocupa o oitavo lugar entre os países mais ameaçados por eventos climáticos extremos, segundo um estudo da ONG Germanwatch. 

No início do ano, grande parte do país sofreu uma intensa onda de calor, com até 51 graus Celsius registrados em Jacobabad, na província de Sindh. 

Hoje, esta cidade é devastada por inundações, que arrastaram casas e danificaram estradas e pontes. 

A ministra das Mudanças Climáticas, Sherry Rehman, que falou na quarta-feira de uma "catástrofe de magnitude sem precedentes", anunciou nesta sexta-feira o estado de emergência e lançou um apelo à ajuda internacional.

Operações de resgate
O primeiro-ministro Shehbaz Sharif cancelou uma viagem ao Reino Unido para supervisionar as operações de resgate, ordenando que o Exército se dedique totalmente aos esforços de socorro. 

Oficiais do Exército também terão que destinar um mês de seus salários para ajudar a lidar com as perdas causadas pela catástrofe. Um pedido de doações também foi anunciado.

"Eu sobrevoei a área afetada e não tenho palavras para descrever o que vi", disse o primeiro-ministro à televisão após uma visita a Sukkur. 

As regiões do Baluchistão (oeste) e Sindh (sul) são as mais afetadas, embora as chuvas torrenciais tenham afetado praticamente todo o país. 

Vídeos postados nas redes sociais nesta sexta-feira mostram prédios perto de rios cheios, bem como pontes destruídas pela água. 

Em Quetta, capital da província do Baluchistão, as linhas ferroviárias tiveram de ser cortadas devido a danos numa ponte. 

A maioria das redes telefônicas e serviços de internet foram interrompidos, de acordo com a autoridade de telecomunicações, que descreveu a situação como "sem precedentes".