Laudo dirá em até 30 dias se óleo nas praias de Pernambuco é o mesmo de 2019
Até agora, 11 cidades notificaram o aparecimento das "bolotas" de petróleo, além de outros dois estados
Os novos vestígios de óleo encontrados em praias de ao menos 11 municípios de Pernambuco serão analisados, segundo a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), pela Marinha do Brasil, em laboratório da institução no Rio de Janeiro.
De acordo com a coordenadora de fiscalização da CPRH, Silvana Valdevino, o resultado desse laudo, que deverá indicar se o material é o mesmo do encontrado nas praias do Estado no desastre ambiental de 2019, deverá sair em até 30 dias.
"A Marinha tem um banco de dados que vai dizer se é um material similar. Vão tentar chegar ao máximo de conclusão possível nesse sentido", explicou Silvana Valdevino. As amostras do material foram encaminhadas ao Rio de Janeiro, na segunda-feira (29).
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também coletou material para análise da composição química. Esse laudo deve sair com cerca de 15 dias, segundo Silvana. Eventuais danos à saúde humana também serão investigados. "Quando tiverem a composição do material poderemos saber a relação com a questão de saúde", detalhou a coordenadora.
Até agora, 11 cidades notificaram o aparecimento das "bolotas" de petróleo: Sirinhaém, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Recife, Olinda, Paulista, Igarassu, Itamaracá, Goiana, Ipojuca e Tamandaré. Há relatos também de fragmentos achados em praias da Paraíba e da Bahia.
As equipes envolvidas nos trabalho seguem fazendo monitoramento das praias ao longo desta semana. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas) deve divulgar no início da noite um balanço atualizado com as informações do dia.
Banho segue liberado
A coordenadora de fiscalização da CPRH explica ainda que o banho nas praias onde há relatos de aparecimento do óleo segue liberado. "Se você entra no mar e vê lixo, vê esgoto, você não vai entrar. É a mesma coisa: se você viu uma bolota de petróleo e tiver na região, é bom sair para ter o contato. O governo não está orientando que cesse o banho de mar nesse momento, podemos curtir a praia", ponderou Silvana.
"Os órgãos estão monitorando, recolhendo, as prefeituras foram todas acionadas para fazer a limpeza urbana de forma rápida. Estamos monitorando com drone, sobrevoo. Estamos fazendo nosso trabalho para que a população fique tranquila", completou a coordenadora.
Orientação
A Semas orienta que caso a população encontre o material deve entrar em contato pelo (81) 9.9488-4453. As prefeituras também podem ser acionadas.
Desastre ambiental
Manchas de óleo tomaram conta de diversas praias do litoral brasileiro, especialmente do nordestino, em 2019. Mais de 100 municípios de 11 estados do Nordeste e do Sudeste relataram os vestígios. O caso é considerado o maior desastre ambiental já registrado na costa do País.
Investigação da Polícia Federal (PF) indica que um navio petroleiro de bandeira grega é o principal suspeito do derramamento de óleo. De acordo com a corporação, a embarcação atracou na Venezuela e lá permaneceu por três dias. O navio seguiu para Singapura e aportou na África do Sul. O vazamento teria ocorrido a 700 quilômetros da costa brasileira entre os dias 28 e 29 de julho de 2019 durante esse deslocamento.
Mais de 1,5 mil toneladas de óleo foram retiradas de praias e rios pernambucanos entre 17 de outubro e 1º de novembro de 2019. O material virou combustível para indústria de cimentos.