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Musk cita ex-diretor de segurança do Twitter para cancelar acordo de compra da rede

Magnata americano luta nos tribunais para se retirar do acordo de compra, por 44 bilhões de dólares, do Twitter

Bilionário Elon Musk - Angela Weiss / AFP

O magnata americano Elon Musk apresentou novos documentos para rescindir seu acordo de compra do Twitter, nos quais cita as revelações do ex-diretor de segurança da plataforma sobre importantes brechas de segurança e dados de contas enganosas, segundo um documento divulgado nesta terça-feira (30).

Em sua apresentação à SEC (Comissão de Valores Mobiliários), que administra o mercado financeiro americano, os advogados de Musk afirmam que a informação fornecida recentemente pelo denunciante Peiter Zatko evidencia "má gestão de grande alcance no Twitter (...) que provavelmente tem graves consequências para o negócio do Twitter".

Musk, que luta nos tribunais para se retirar do acordo de compra do Twitter por 44 bilhões de dólares, pediu formalmente o comparecimento de Zatko para que compartilhe informações sobre contas de spam e falhas na proteção de dados no Twitter.


"Razões adicionais"

O bilionário espera que as acusações feitas por Zatko fortaleçam seu caso. De acordo com documentos judiciais divulgados na segunda-feira, Zatko foi obrigado a responder a perguntas dos advogados de Musk em 9 de setembro. 

Zatko afirma que o Twitter enganou usuários e reguladores sobre violações de segurança "extremas e flagrantes".

O advogado de Musk, Mike Ringler, escreveu em uma carta à diretora jurídica do Twitter e que foi incluída na apresentação à SEC que as recentes revelações do denunciante Peiter Zatko fornecem "razões adicionais" para abandonar o plano de compra.

Denúncias de certos fatos, conhecidos no Twitter em ou antes de 8 de julho de 2022, mas não divulgados às partes que representam Musk nessa data ou antes, surgiram e fornecem razões adicionais e distintas para rescindir o contrato de aquisição, escreveu Ringler. 

Ringler acrescentou que os novos elementos não são necessários para justificar a rescisão do contrato, mas constituem argumentos adicionais "no caso de o aviso de rescisão de 8 de julho ser considerado inválido por qualquer motivo". 


"Injustificado"

O Twitter reagiu à carta de Ringler, considerando o motivo mencionado como "inválido e injustificado".

"Baseia-se unicamente em declarações feitas por um terceiro que, como o Twitter já afirmou, estão cheias de incoerências e inexatidões, e ocultam um contexto importante", escreveu William Savitt, advogado da rede social.

No início de julho, Musk anunciou que romperia o acordo de aquisição com o conselho de administração do Twitter anunciado no final de abril, acusando a empresa de não cumprir seus compromissos ao não divulgar o número exato de contas falsas e de spam. 

A medida levou o Twitter a processar o bilionário para forçá-lo a honrar os termos do acordo. 

O julgamento, que deve durar cinco dias, começará em 17 de outubro em um tribunal especial no estado de Delaware. 

O Twitter venceu algumas batalhas iniciais no caso, incluindo a obtenção de uma data de julgamento acelerada, e suas ações subiram quando os analistas previram que a plataforma venceria Musk. 

Mas na semana passada, uma juíza americana ordenou que o Twitter entregasse mais dados a Musk sobre a questão-chave das contas falsas, e o bilionário espera que a denúncia de Zatko possa virar a maré a seu favor. 

De acordo com Dan Ives, da Wedbush Securities, as acusações de Zatko, poucas semanas antes do julgamento, são "uma enorme vitória potencial para Musk que pode complicar o caso do Twitter".