CULTURA

Comigo Ninguém Pode: as cores de Jeff Alan

O artista visual Jeff Alan e o curador Bruno Albertim foram entrevistados no programa Folha na Tarde desta quarta-feira (31)

O artista Jeff Alan e o curador da mostra, Bruno Albertim - Foto: Arnaldo Sette

O artista visual Jeff Alan estreou, na última sexta-feira, sua primeira exposição individual na galeria da Casa Estação da Luz, localizada no centro de cultura que funciona há cerca de um ano na Cidade Alta de Olinda. Jeff tem uma trajetória marcada pelo seu trabalho como muralista no Recife e exposições em galerias do Brasil e da Europa. O crítico e antropólogo Bruno Albertim é o curador da mostra do artista, intitulada “Comigo Ninguém Pode". Ambos foram entrevistados nesta quarta-feira (31) pela âncora Patrícia Breda, no programa Folha na Tarde, veiculado pela Rádio Folha 96,7 FM
 
A exposição reúne 40 trabalhos, todos figurativos, em diversas dimensões, em acrílica sobre tela, que ficarão abertos à exposição até o dia 30 de setembro. “É um artista cuja obra se confunde com o corpo urbano do Recife”, disse Bruno Albertim. Segundo o curador, Jeff Alan se preocupa em fazer uma arte acessível em linguagem e em localização.

 
“Ele não quer estar restrito às galerias e aos museus. É uma obra que se comunica muito facilmente com o coração. É muito emocionante”, afirmou o antropólogo.

 

 Apesar de daltônico, as cores vivas são uma marca forte dos quadros do artista, de acordo com o curador.

“Ele tem uma paleta de cores que confirma uma certa saturação cromática local. Os pintores daqui pintam com cores mais intensas do que pintores de outros lugares do Brasil. A insolação que Brennand falava, que se reflete nas telas”, explica.

Natural do bairro do Barro, Zona Oeste do Recife, o artista conta porque nomeou a mostra de “Comigo ninguém pode", em referência à planta popular.

“É uma planta símbolo de resistência que você encontra com muita facilidade nas ruas do meu bairro. Tem várias na minha casa, na casa das minhas tias, da minha avó. Mas a ‘Comigo ninguém pode’ que me inspirou e me trouxe até aqui foi a que fica no bar do meu tio Béco: O Caldinho do Béco, no bairro do Barro, é um grande ponto de encontro. Meu tio faleceu há alguns meses, então foi uma forma que eu encontrei de homenageá-lo e tenho certeza que ele está muito feliz”, contou Jeff Alan. 

O artista enxerga, também, a representatividade como um fator muito importante de suas obras.

“São 40 obras que representam milhares de pessoas. “Comigo ninguém pode” é a reafirmação do poder da arte preta e dos fazeres do povo preto. Muitos espaços nos foram negados e ainda continuam sendo. A gente sabe que no mercado da arte existe aquela bolha de pessoas da classe alta, de pessoas brancas, que dominam não só essa, mas tantas outras áreas. Aí vem um jovem preto de periferia para furar essa bolha. Mostrar para outro jovem que é possível, que a gente consegue, que a gente merece o mundo”, concluiu o pintor.

Serviço:
 
COMIGO NINGUÉM PODE
 
Visitação: de terça a domingo, das 12h às 17h
Endereço: Rua Prudente de Moraes, 313, Carmo, Olinda. 
Até 3O de setembro.
Entrada grátis.