"O eixo da economia mudou", diz Guedes sobre crescimento de 2,5% do PIB
Ministro participou de evento sobre desoneração em SP, mas defendeu criação de imposto sobre dividendos. Ele negou uma "bomba fiscal" em 2023 e atribuiu previsões pessimistas à política
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (1) que é preciso continuar diferenciando o que chama de narrativas políticas dos fatos ao comentar o crescimento de 2,5% da economia brasileira na primeira metade do ano, sendo 1,2% no segundo trimestre, divulgado pelo IBGE.
Ao participar, em São Paulo, de um evento do Instituto Unidos Brasil (IUB), ele se esforçou para enumerar previsões positivas para a economia neste ano. O ministro atribuiu previsões anteriores de que o Produto Interno Bruto (PIB) poderia cair 10% a “militância política” ou “desinformação”, hipótese que disse preferir acreditar:
— O eixo da economia mudou: é o setor privado que está comandando o crescimento e não o setor público.
Guedes disse que os 2,5% eram a estimativa mais otimista para o crescimento do ano todo feita pelos economistas. Ele afirmou que, mesmo que o Brasil não cresça nada no segundo semestre — o que, segundo ele, não vai acontecer — o PIB já atingiu a estimativa mais otimista na metade do tempo.
— Ou seja, o país vai crescer mais que isso (2,5%). Lá embaixo tem o povão fazendo o dia a dia da economia. E todo mundo (bancos) já está revendo as projeções — afirmou.
O evento tinha como principal tema a importância das desonerações para a melhora do ambiente de negócios no país. O Instituto Unidos Brasil, que tem representantes de trabalhadores, entidades sindicais e representantes de vários segmentos da sociedade civil, faz da desoneração da folha de pagamentos das empresas uma de suas principais bandeiras para estimular a geração de empregos.
Guedes afirmou que o Brasil criou até agora mais empregos que os Estados Unidos, maior economia do mundo, desde o “fundo do poço” provocado pela pandemia. Segundo ele, foram criadas no país 15,7 milhões de vagas frente a 12,9 milhões nos EUA nesse período.
— O Brasil abriu 750 mil vagas por mês desde o fundo do poço até agora enquanto a economia americana criou 570 mil postos por mês — afirmou.
Diante da plateia majoritariamente formada por empresários, Guedes defendeu a cobrança de imposto sobre lucros e dividendos. Disse que apenas 60 mil pessoas no país, com ganhos acima de R$ 400 mil, pagariam este imposto.
— É uma atitude moral. Perdemos o respeito da população se não pagarmos esse imposto. Esse crescimento foi assumido por nós — disse Guedes, que foi aplaudido após afirmar que o governo continua fazendo a reforma tributária, que estagnou no Congresso. — As reformas continuam acontecendo, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para 4 mil produtos, menor ICMS incidindo sobre combustíveis e energia. O IPI é o imposto de desindustrialização em massa. E tem que ser zerado.
Guedes negou que o atual governo esteja deixando uma "bomba fiscal" para o próximo ano. Ele afirmou que, quando o governo federal suspendeu o reajuste do funcionalismo público por um ano, os 26 estados conseguiram entrar no azul, pagaram salários atrasados e 13º salário. Segundo Guedes, os governadores não conseguiriam fazer isso em suas assembleias.
No fim do evento, o Instituto Unidos Brasil divulgou um manifesto pedindo ações urgentes pela desoneração e de simplificação do ambiente de negócios, reduzindo o chamado Custo Brasil. Apesar de corte de impostos ser o tema principal, Guedes disse que, há dois meses da eleição, não falaria sobre isso:
— Vocês já sabem o que eu penso sobre isso.
'Minuto de silêncio' por empresários
"É indispensável neste sentido a elaboração de uma política estruturada de desonerações, que seja capaz de simplificar o ambiente de negócios, aumentar nossa competitividade e preservar os direitos da população" diz o texto da instituição.
Antes da chegada do ministro, no início do evento, os presentes fizeram um minuto de silêncio, num gesto de apoio a empresários bolsonaristas que foram alvo de operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro Alexandre de Moares, do STF. O pedido para que todos se levantassem foi feito por Nabil Sahyoun, presidente do Instituto Unidos Brasil. A Justiça autorizou a operação a partir de conversas privadas de um grupo de empresários no Whatsapp com teor antidemocrático.