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Indústria cresce 0,6% em julho, após dois meses de queda

Setor continua abaixo do patamar pré-pandemia

Atividade industrial - Pexels

A produção industrial cresceu 0,6% em julho, mas continua abaixo do patamar pré-pandemia. Dos 26 segmentos pesquisados, apenas dez apresentaram avanço. A concentração do crescimento em poucas atividades evidencia e o desafio para manter a expansão da economia brasileira no terceiro trimestre. Juros altos, elevado endividamento e renda baixa dos trabalhadores são uma trava para o crescimento do setor, dizem especialistas.

Analistas ouvidos pela Bloomberg esperavam alta de 0,5% na comparação com junho. No ano, a indústria acumula queda de 2% e, em 12 meses, de 3%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.

É o primeiro indicador setorial do terceiro trimestre. Na quinta-feira (1º), o instituto divulgou o PIB do segundo trimestre, mostrando que o país cresceu 1,2%. A indústria foi um dos destaques, com expansão de 2,2%, a mais alta desde 2020, quando a economia brasileira foi fortemente afetada pela Covid-19.

Em julho, a maior influência positiva veio do setor de produtos alimentícios (+ 4,3%). É o terceiro mês seguido de avanço neste segmento. O aumento do valor do Auxílio Brasil a partir de agosto deve manter a expansão da atividade.

Produção de máquinas desaba 10,4%

“Esse crescimento (dos produtos alimentícios) foi bastante disseminado, desde o açúcar até carnes bovinas, suínas e de aves, além dos laticínios e dos derivados da soja”, explica o gerente da Pesquisa, André Macedo.

O segmento de máquinas e equipamentos desabou 10,4%. Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos também teve forte queda (-7,8%). E a indústria automotiva recuou 5,7% no mês, eliminando parte do forte crescimento nos meses de maio e junho de 2022.

Apesar da queda em julho, dados de agosto mostram que a produção em agosto atingiu cerca de 200 mil unidades pelo terceiro mês consecutivo. Agosto também terminou sem que nenhuma montadora integralmente parada, depois de 20 paralisações temporárias no primeiro semestre.

 

Efeito do mercado de trabalho

De acordo com Macedo, a indústria ainda é afetada pela desorganização das cadeias de suprimentos globais, mas há fatores domésticos relevantes que travam sua recuperação.

“São juros e inflação em patamares mais elevados. Isso aumenta os custos de crédito, diminui a renda disponível por parte das famílias e faz com que as taxas de inadimplência permaneçam em patamares mais elevados”, analisa Macedo.

Além disso, diz, “mesmo com a redução das taxas de desocupação nos últimos meses ainda se percebe um contingente elevado de trabalhadores fora desse mercado de trabalho e uma piora nas condições de emprego que são gerados”.